A opinião de ...

A política vai de férias, e nós a vê-los passar...

Chegados ao mês de agosto, já é recorrente que a comunicação social, à falta de melhor, se vá entretendo a coscuvilhar a vida dos famosos e dos políticos, dedicando-lhes horas sem fim dos espaços nobres da televisões, as primeiras páginas dos jornais e as capas das revistas, a falar das vidas dos senhores fulanos e dos senhores sicranos e da plêiade incontável de figurantes e oportunistas que os acompanham, como se não houvesse mais nada para fazer e para noticiar à face da terra.
Porque os problemas reais das pessoas reais não se circunscrevem à volta do umbigo da minoria de afortunados que têm meios, (ou crédito bancário, a pagar a prestações durante o ano) mesmo assim, ninguém tem nada contra o direitos de todos às suas férias, nem com a opção de, conforme a capacidade e a vontade de cada um, as gozar onde muito bem quiser e entender, nem se o fazem no remanso bucólico das suas aldeias natais, ou se preferem zarpar para lugares mais caros, mais exóticos e mais de acordo com o que julgam ser o seu estatuto.
Contudo, porque o país não pode fechar para obras, no que concerne aos representantes das classes políticas, tanto das oposições como dos governos, no pressuposto de que o que prometeram quando se candidataram aos lugares que ocupam, o fizeram imbuídos dum verdadeiro espírito de missão, mesmo ninguém acreditando que seriam a reedição do espírito de bem servir da bem aventurada Madre Teresa de Calcutá, mesmo assim, espera-se e exige-se deles um pouco mais do que isso, nomeadamente que aproveitem o tempo de férias para assentar bem os pés na terra, descansar e analisar a qualidade do seu desempenho.
Das oposições espera-se que façam a sua autocrítica para verem onde falharam e onde, objetivamente, podem fazer mais e melhor, tendo sempre como meta os interesses e as necessidades, não só da sua base de apoio, mas sobretudo os interesses da generalidade do povo, nunca esquecendo que só o querer nunca será suficiente para subir aos céus.
Ao governo, porque nenhum país é uma ilha nem autossuficiente, lembra-se que o facto de terem sido eleitos, mais do que um prémio ou de uma conquita sua, o facto de ter sido eleito, é apenas a materialização da confiança de quem, ao votar nele, farto como está de eleições e promessas da mais pura demagogia, que, como está mais do que visto, não levam a lado nenhum, aceitou o seu programa e apoiou as suas promessas, na esperança de que elas, em conformidade com as reais possibilidades e disponibilidades, e sem por em riso o futuro do país, possam ser cumpridas duma maneira justa e equitativa. A ver vamos, lá para princípios de setembro.

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3998

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