A opinião de ...

A REDESCOBERTA DA FAMILIA

Celebra-se a 15 de maio, o Dia Internacional da Família. Uma importante data para relembrar quão importante e decisiva é a Família para todos e cada um de nós.
Sabemos que a nossa felicidade e a felicidade da sociedade está intimamente ligada à prosperidade desta comunidade institucional conjugal e familiar. Deste modo, nos alegramos sinceramente com a estima que lhe é dedicada e com o respeito pela vida que dela é gerada e desenvolvida.
A família é-o por ser ponto de encontro de várias gerações que mutuamente se ajudam a adquirir maior sabedoria de vida e a harmonizar os direitos das pessoas que a formam com as restantes exigências da vida social, unidos no afeto e nos laços de sangue.
Contudo, a dignidade desta instituição não tem em toda a parte e em vários setores da sociedade o mesmo esplendor.
Assim, há sinais de esperança no horizonte, como a melhor preparação e maior responsabilidade dos noivos, um diálogo mais aberto entre o casal, em respeito mútuo e na consciência da igualdade entre os sexos, uma maior valorização da dimensão sexual e uma maior interdependência e equilíbrio na promoção da vida e do amor, uma maior responsabilidade na educação dos filhos, uma maior abertura dos casais entre si, etc.
Nesta linha assistimos inclusivamente a um maior interesse de algumas entidades e sobretudo da Igreja pela Família, de que são exemplos paradigmáticos nesta última a Exortação Apostólica do Papa Francisco “Amoris Laetítia”, os Encontros Mundiais da Família e até a dinamização mais cuidada e atenta da designada Pastoral Familiar em Portugal.
Pese embora os sinais positivos, os sintomas de doença grave são igualmente manifestos, muitos que não são só de hoje, como a falta de harmonia e de diálogo, a indiferença, o torpor, o tédio e a rotina, a insegurança quanto ao futuro, a pobreza material derivada dos salários insuficientes e do desemprego, o nervosismo ou agitação derivada do excesso de trabalho, a redução de número de filhos a um número muito baixo, a desorientação educativa sem valores e sem exemplo (ignorando a EMRC), o aumento do número de divórcios, a velhice abandonada e isolada, culminando na ausência de Deus e na inexistência de tempo e lugar para a oração.
Está em causa a felicidade ou a infelicidade do ser humano e o futuro do mundo. Se a família adoece ou morre é toda a sociedade que entra em crise e desaparece. Embora se trate de variáveis interdependentes – família e sociedade – é a família a microsociedade mais primitiva e nela se joga o futuro da sociedade global e da própria Igreja.
Fala-se de “crise da família”, mas a crise deve ser vista como um tempo de oportunidade.
Entre essas oportunidades está a redescoberta da base cristã para as famílias.
Sempre houve várias formas de realização da família, mas a experiência cristã de família faz-nos redescobrir a Família como uma realidade boa da criação e que se torna ainda mais realizadora pelo desafio do amor experienciado à maneira de Cristo, que é aliás o seu ponto nevrálgico!
Este amor é sobretudo experienciado não no ter, mas no ser, no ser pai, mãe, filho, irmão, avô, avó, etc, na vivência da vocação para a vida e para a felicidade, constituindo-se um sinal privilegiado do amor de Deus pela humanidade, não obstante as fragilidades, debilidades e contradições humanas.
O cristianismo nas Famílias é enfim “cuidar da vida que nos toca”, como assinala o tema escolhido este ano pela Pastoral Familiar nacional, desde o cuidar da nossa “casa Comum”, o nosso planeta, até à vida maravilhosa que nasce numa nova criatura humana, passando depois por cuidar e educar os filhos, cuidar dos nossos idosos e ainda cuidar de todos e de cada um que pertencemos à grande Família humana, tocados por sua vez pela força do Evangelho.

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3832

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