A opinião de ...

Quando o calor aperta

Estamos no verão… Num verão em que, nos últimos dias, o calor tem sido demais!
Ora, num verão como este, em que o calor aperta, há vários caminhos à escolha para suportar tanto incómodo! Há as sombras, sobretudo no campo e nos jardins, (de preferência no caminho de leves brisas que mais amaciam o calor); há a comodidade dum sofá, ou duma cama, onde podemos pôr-nos à vontade, protegidos por um discreto ar condicionado; há as caves e as adegas, cujas paredes ressumam água fresca; há as rodadas de cerveja nas esplanadas dos cafés; há um banho de água fria; há as bebidas a refrescar no frigorífico; há as piscinas; os rios; os fontanários públicos, os parques de campismo ou aquáticos, há grutas, leques a fazer circular o ar; e, finalmente, além do que, neste momento, não me ocorre, há a água das praias.
Pois bem. Há também quem, neste caso, reclame a igualdade para todos, manifestando as reclamações com aquela verbosidade própria do momento, nas manifestações – tantas vezes fustigados pelo volume dos amplificadores de voz!
Imaginemos que, por hipótese, aqueles que se refrescam à sombra das árvores começam a invejar os que se molham na água do mar e que estes, também por hipótese, preferem descansar à sombra, embalados naquela deliciosa brisa. Ou, então, os que se refugiam nas caves e nas adegas começam a pensar que, de facto, ali metidos, não podem beneficiar dum bom banho de água fria ou dum relaxamento, estendidos no sofá ou na cama, deliciando-se com aquele ar condicionado.
Havendo pessoas que, não se sentindo bem com aquilo que estão a usufruir, anseiam desesperadamente por desfrutar o que a outras leva a considerarem-se beneficiadas, é fácil constatar que, por falta de recursos próprios, nem todas vão poder beneficiar do mesmo bem. Motivo mais que suficiente para que tais pessoas se sintam agravadas e hostilizadas pela sociedade, sem os mesmos direitos, e, sobretudo, privadas da igualdade!
Sabemos que a vida só pode ser bem orientada e vivida, se tiver em consideração algumas premissas, as quais ou são desconhecidas ou, sendo conhecidas, imediatamente passam a ser desvalorizadas por quem pretende, a toda a força, alcançar determinado objetivo – o que é mau.
Ora, vivendo numa sociedade em que todos os que a constituem são beneficiários dos “direitos, liberdades e garantias” consagrados na Constituição, é bom que ninguém pretenda passar por cima do que toca a cada um, justificando-se com falsos argumentos, decidido a não abrir mão das suas (por si consideradas) prioridades e preferências.
Trago aqui o exemplo da aplicação das vacinas contra a Covid-19. Várias profissões, associações e instituições se consideraram prioritárias na toma da vacina. Vacinar por prioridades significa que, havendo “várias prioridades”, alguma delas terá de ser a primeira e, consequentemente, alguma terá de ser a última. Então – dirão alguns – onde está a igualdade para todos? Responder será muito difícil e aceitar a resposta será ainda muito mais!

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3842

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