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“Mãe da Igreja” Memória, mistérios e, discipulado junto à cruz de Jesus

No dia 11 de fevereiro de 2018, nos 160 anos da 1.ª aparição da Virgem em Lurdes, o Papa Francisco fixou como memória obrigatória [m. o.] a “Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja”, no Calendário Romano Geral [CRG], para que todos os anos se celebre, na segunda-feira depois de Pentecostes. Com esta atitude o Romano Pontífice quis favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos pastores, nos religiosos, nos fiéis e, na genuína piedade mariana. A sua determinação é clara: não esquecer a figura de Mulher [Gal. 4, 4], a Virgem Maria, que é simultaneamente Mãe de Cristo e com Ele Mãe da Igreja.
Na atenção à Bíblia, ao texto bíblico e litúrgico, mudaram os modelos de pregação, como refere o Cardeal Martini, por isso não se pode invocar Maria por tudo e por nada, como antigamente, nem falar dela só de passagem, como pode acontecer hoje. Fuja-se do superficial, do artificioso, da excrescência inútil, mas continue-se a levar os fiéis pelas fontes, dessa relação pessoal com Maria que nasce ao pé da cruz, contínua o purpurado. Para o professor de teologia dogmática Karl Menk não se pode, de maneira nenhuma, desvincular Maria da história da salvação, como acontece, por exemplo, quando se venera como Mediadora independente de Cristo.
Vejamos como se chega à fixação da m.o. da “Mãe da Igreja”, como se relacionam os mistérios da Virgem Maria, e os de Cristo e, como acolhendo a mãe se cresce como discípulos junto à cruz.
Desde Santo Agostinho [354-430] e, de São Leão Magno [395-461], que o sentir eclesial alinhava pelas palavras premonitórias destes dois Santos. Para o primeiro “Maria é a mãe dos membros de Cristo porque cooperou, com a sua caridade, no renascimento dos fiéis na Igreja”. Para o segundo “o nascimento da Cabeça é, também, o nascimento do Corpo, o que indica que Maria é, ao mesmo tempo, mãe de Cristo, Filho de Deus, e mãe dos membros do seu corpo místico, isto é, da Igreja. A maternidade divina de Maria e a sua íntima união à obra do Redentor, que culminou na hora da cruz, deriva daqui.
Maria, a Mãe, junto à cruz [Jo 19, 25], ao aceitar de Jesus, João como filho, aceita nele como filhos todos os homens e, torna-se assim Mãe da Igreja. Por sua vez, em São João, Cristo confia os discípulos à sua Mãe, para a acolherem com amor filial.
Maria, guia da Igreja nascente, inicia no Cenáculo a sua missão materna, ao rezar com os apóstolos, enquanto aguardavam a vinda do Espírito Santo [Act. 1, 14].
Ao longo dos séculos, mesmo os Papas Bento XIV [1675-1758] e, Leão XIII [1810-1903], a piedade cristã, os santos e, o magistério honraram, por títulos equivalentes, Maria como Mãe da Igreja.
Será São Paulo VI [1897-1978], no discurso conclusivo da terceira sessão conciliar, 21 de novembro de 1964, declara a bem-aventurada Virgem Maria como “Mãe da Igreja” e, pede que se invoque.
No Ano Santo da Reconciliação [1975], o mesmo pontífice, propõem uma missa votiva, que passa a ser inserida no Missal Romano. Mais tarde, em 1980, acrescentou-se a invocação deste título na Ladainha Lauretana. Em 1986 publicaram-se formulários na Coletânea de Missas da Virgem Santa Maria e, em alguns países, e famílias religiosas, que pediram, puderam acrescentar esta celebração ao seu Calendário particular. Mas, coube ao Papa Francisco estabelecer a m.o. e, inseri-la definitivamente no CRG.

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3815

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