A opinião de ...

A cor da música é a cor da alma

(continuação da edição anteriro)
Na verdade, precisamos ser mais próximos, ser samaritanos de tantos e quantos vivem tombados na estrada da vida: vítimas da violência, do furto e do abandono premeditado e desumano, esquecidos na agonia, filhos da desistência de um mundo que não se compadece com o frágil e, infortunamente, não tem tempo para acolher e cuidar de quem vive completamente só e desamparado.
Este é um tempo oportuno e único (!) para sermos mais próximos dos descartáveis, dos agonizantes e dos que jazem na periferia existencial. Não nos esqueçamos que toda e qualquer aproximação gera, inevitavelmente, intimidade, silêncio, escuta e doação. Ser próximo do ‘próximo’ é aproximar-se, é fazer desabrochar ligações que nos vinculam, que nos transformam e que nos modelam sob o signo e o toque de Deus Santíssimo, numa nova humanização que torna nosso coração e a nossa alma mais solicita e disponível para todos, em especial para com os mais frágeis, para com os mais sofredores, para com os mais esquecidos, para com os mais agonizantes e para com os mais abandonados e sós. Quem vive isto experimenta já o Reino de Deus. Esta é, na verdade, a grande ciência da Fé e da Santa Igreja.
Compreendemos, deste modo, a vida humana como uma sinfonia de cores e de sons. Como uma unidade na diversidade, como uma harmonia no meio do caos. Assim é o aproximar-me ao outro, àquele que jaz na berma da estrada e da vida. Isto é um apelo incessante por parte de Deus. Deus gera em nós, pela ação do Espírito Santo, um fluxo vital que me impele a sair de mim, de mim mesmo, a libertar-me do meu próprio ego, do meu ‘mundinho’, da minha bolha, a fim de ir ao encontro de um outro que me deslocar e me desinstala. Que belo desafio este para que as festividades desta época sejam vividas também no coração dos mais desfavorecidos e frágeis da nossa comunidade. Peçamos ao Coração Imaculado de Maria que nos ilumine e ajude nesta demanda, nesta oblatividade concertada e assertiva que promova o bem comum e a dignidade inalienável da pessoa humana.

Edição
3896

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