Vinhais

Negócio do fumeiro foi passando entre gerações e profissionalizou-se

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2025-02-06 09:58

Aos 95 anos, Elisia Augusta é atualmente a produtora de enchidos mais velha de Vinhais e também aquela que há mais anos participa na Feira do Fumeiro, a primeira realizada há 45 anos. “Desde o início que vou à feira. Na altura só vendiam enchidos. Nos anos seguintes comecei a levar pão, folar, compotas e 41 variedades de licor. Também fui eu quem primeiro levou os butelos (enchido de carne com osso) mais típico das aldeias da raia, para vender, isto na quarta ou quinta edição. Chamava muito à atenção porque é um enchido muito grande”, recordou Elisa Augusta que está rija e de boa saúde para fazer mais uma feira. “Não posso faltar, mesmo que não faça nada. Vou lá ver os meus clientes para matar saudades. Eu tinha uma clientela muito boa”, esclarece.
Os segredos dos bons enchidos estão na cabeça e nas mãos de Elisia. “O primeiro é a criação dos porcos bísaros em casa, com produtos da horta. Depois são abatidos no matadouro. Faz-se o fumeiro com saber, tradição, paciência, dedicação e bons temperos. A carne de bísaro é mais escura que a do porco branco e exije menos colorau e vinho. Dá trabalho, mas sem trabalho nada vem. Os clientes vêm cá, provam a chouriça, que é uma delícia, e em vez de comprarem meio quilo compram dois”, conta.
A filha, Emília [Mila] Talhas, 61 anos, tomou conta do negócio do fumeiro. “Ensinei a minha filha. Disse-lhe: as medidas estão todas aqui. Não há engano. Segues este caminho e corre bem. Assim tem sido. Ela aprendeu e sabe fazer bom fumeiro”, garante a idosa, que conserva uma lucidez invejável.
Elisa não nega que ganhou dinheiro em mais de 40 anos a produzir enchidos. “Tinha de me dedicar a alguma coisa e logo vi que na feira havia uma boa oportunidade de negócio. O primeiro fumeiro que levantei tinha apenas 13 anos. Saí de casa com sete anos para servir. Aprendi tudo em casa da minha tia”, lembrou.

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