Carrazeda de Ansiães

Produção de maçã caiu para menos de metade do ano passado

Publicado por GL em Sex, 2022-09-02 10:24

Este ano há menos maçã no concelho de Carrazeda de Ansiães. À queda de granizo, em maio, que danificou e destruiu o fruto em crescimento, juntaram-se os efeitos da geada e da seca, fatores que propiciaram quebras na produção muito avultadas, que variam entre produtores entre os 50 e os 90%.

“Temos um ano muito complicado. Carrazeda podia ser um balão de ensaio para as alterações climáticas, porque tivemos queda de granizo significativo, com perdas de produção muito grandes, incêndios de grandes proporções, com cerca de 12% da área do concelho afetada, e temos esta seca. Talvez sejamos dos concelhos do país em situação mais delicada, porque quase todo o território depende, em termos de abastecimento público, da albufeira de Fontelonga, que está com um nível muito baixo. A monitorização permite dizer que estamos seguros até finais de outubro e princípios de novembro”, descreveu o presidente da Câmara, João Gonçalves, na passada sexta-feira na Feira da Maça, do Vinho e do Azeite.

Carrazeda de Ansiães produz entre 28 a 30 mil toneladas de maçã em média por ano, o que o torna no maior produtor da região de Trás-os-Montes. O concelho tem atualmente 6 916 hectares de área agrícola, dos quais 800 hectares estão a produzir maçã, 2800 hectares de vinha e 1920 hectares de olival.

O Nordeste Transmontano é nesta altura das regiões do país com menos humidade no solo. “Os nossos produtores, em culturas onde não era habitual haver estes problemas de seca, como a vinha, este ano têm uma evidência”, acrescentou o autarca, dando conta que as vindimas começaram mais cedo. “Não se espera uma produção abundante como em outros anos normais”, lamentou.

No que respeita à produção de maçã, das mais representativas no concelho, vários agricultores têm-se valido das charcas “que no inverno foram aportadas de água, mas não dão para o ano todo”, afirmou João Gonçalves. Os produtores foram brigados a arranjar formas de monitorizar a rega, reduzindo-a a essencial. “Em prejuízo da quantidade e da qualidade da produção”, acrescentou o autarca.

Os apoios do governo para fazer face aos prejuízos provocados pela seca extrema e pelos incêndios aos agricultores e produtores de gado, alguns com pagamento antecipado, são considerados insuficientes pelo setor. O secretário de Estado da Agricultura, considera que “é normal” a opinião dos agricultores, no entanto ressalva que os recursos são escassos. “É preciso fazer uma gestão criteriosa”, vincou, adiantando que só no mês passado foram disponibilizados 250 milhões de euros.

“Que permitem, numa altura em que há o aumento muito significativo dos custos de produção, que os agricultores possam dispor já da liquidez necessária para fazer face à despesa”, justificou Rui Martinho, dando ainda conta que os apoios não se esgotam nesta tranche. “Por causa dos incêndios e das dificuldades que os criadores de gado sofrem neste momento, abrimos na semana passada um aviso específico para uma candidatura para o apoio à alimentação animal. As candidaturas terminaram hoje e estamos convencidos que no limite na semana a seguir vamos fazer chegar as ajudas por animal, para comprarem alimentação”, indicou o governante.

O governo aprovou ainda um pacote de 27 milhões de euros para a reserva de crise para o setor pecuário, mais dependente dos concentrados que encareceram devido aos constrangimentos da guerra na Ucrânia e da disrupção das cadeias de aprovisionamento a nível global. “Será pago no mês de setembro. Temos outro pacote de 57 milhões de euros para os criadores extensivos e frutícolas com uma ajuda por hectare”, adiantou secretário de Estado.

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