Miranda do Douro

Produtores de bovinos mirandeses reclamam aumento do preço da carne e estabilização dos fatores de produção

Publicado por Francisco Pinto em Qui, 2022-09-01 10:15

O Concurso Nacional e Bovinos de Raça Mirandesa que este ano decorreu em Malhadas, no concelho de Miranda do Douro, ficou marcada pelas preocupações manifestadas pelos produtores pecuários desta raça autóctone, devido à seca e ao aumento do preço dos fatores de produção e ao baixo preço pago pela carne, o que poderá colocar em risco algumas explorações do Solar da Mirandesa.

Alfredo Preto, um criador do concelho de Mogadouro, disse que o aumento dos fatores de produção como os fertilizantes, gasóleo ou as rações a que junta o baixo preço da carne, anda-se um pouco a trabalhar para aquecer. “Apesar de o valor pago por esta carne com Denominação de Origem Protegida (DOP) estar a ser paga a bom preço, mesmo assim não compensa, porque os fatores de produção nestes últimos dois anos aumentaram significativamente e torna-se complicado manter o efetivo pecuário.

Para este produtor a pandemia covid-19 também se trouxe quebras acentuadas nas vendas, já que a restauração encerrou portas. Por seu lado, o criador Nazário Silva, um produtor do concelho de Macedo de Cavaleiros indicou mais de 60% de perdas na produção devido aos fatores já indicados. “A seca veio piorar as coisas porque não há forragens e temos de alimentar os animais a ração. A questão da água também é um grave problema, porque não há água de qualidade para dar aos animais. Estou a dar imprópria aos meus animais”, vincou.

Já Licínio Martins, avançou que os produtores pecuários estão a atravessar uma conjuntura extremamente difícil, com a concentração de um conjunto de catástrofes que o país e o mundo estão a atravessar. “Seca é já uma das principais dificuldades para a vida dos agricultores. É verdade que houve um aumento no preço pago pelo quilo de carne, mas os preços fatores de produção aumentaram muito, daí que os agricultores estejam a passar grandes dificuldades”, enfatizou.

Apesar destas situações anómalas, os criadores garantem que mantêm esperança na melhoria das condições e que a aposta nesta raça de bovinos é mais que um fator de produção, tornando-se em alguns casos um gosto especial por este animais.

Para Válter Raposo, o efetivo da Raça Bovina Mirandesa reconhece que há “algum queixume” por parte dos produtores e não há conhecimento do aumento de apoios para as raças autóctones.

O efetivo da mirandesa está “estabilizado” e ronda as 5.100 fêmeas adultas. A maior exploração está no concelho de Miranda do Douro com cerca de 300 fêmeas.
O XXI Concurso Nacional de Bovinos de Raça Mirandesa e Luta de Touros 2022, reuniu 70 criadores a nível nacional e 160 exemplares desta raça, oriundos dos concelhos do solar da raça e de outras regiões do país. Todos os animais a concurso foram selecionados nos concursos concelhios que fazem parto do Solar da Mirandesa que decorreram em Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros, Vinhais e Vimioso.

O evento é organizado pela Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, sob a orientação técnica da Direção Geral de Agricultura e Veterinária (DGAV) e da Direção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM), com o apoio de todos os municípios do solar da raça, que contribuem, significativamente para que o concurso fosse possível e se afirme pela genuinidade e singeleza do seu propósito: reconhecer, valorizar e promover os bovinos de Raça Mirandesa, para enfrentar os desafios futuros da produção agropecuária, de forma sustentável.

O concurso foi organizado pela Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, com o apoio de todos os municípios do Solar da raça, sendo de destacar o compromisso e dedicação de todos os elementos envolvidos na logística e organização.

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