O futuro joga-se amanhã
Desde tempos imemoriais que a humanidade se preocupa com o futuro. Muitos dos nossos antepassados olhavam para as estrelas numa tentativa de, percebendo o movimento dos astros, adivinhar o que os esperava mais à frente, fosse em termos de colheitas, caça ou batalhas.
Portanto, a preocupação com o futuro é algo que vem dos tempos mais imemoriais do passado.
Acontece que amanhã decorrem umas das eleições mais disputadas de sempre na concelhia de Bragança do PSD.
Ora, as eleições autárquicas são só no próximo ano. Então porque é que as eleições internas do PSD ganham especial relevo?
O PSD é só um dos vários partidos do espetro político mas convém não esquecer que é o partido que tem indicado o presidente da Câmara de Bragança há 27 anos consecutivos, desde 1997, quando Jorge Nunes derrotou Luís Mina.
O PSD detém o pleno das juntas de freguesia do concelho (39 em 39).
O PS, que pareceu ter encontrado um candidato capaz de, pelo menos, disputar a eleição olhos nos olhos sem ter de fazer um esforço descomunal para se colocar em bicos de pés, optou por disparar para baixo em vez de atirar para a frente e desenvencilhou-se desse mesmo candidato no momento em que elaborou as listas para as Legislativas e deixou Sobrinho Teixeira de fora (ele que tinha ganho no distrito dois anos antes).
Com Sobrinho Teixeira, antigo presidente do IPB, preterido por Isabel Ferreira (investigadora do IPB), o espaço de Sobrinho Teixeira no seio do PS ficou bastante mais reduzido.
Começou a abrir-se a porte de uma candidatura independente, que poderia assustar, sobretudo quando se começou a ouvir falar de apoios vindos da área do PSD. Era um cenário de divisão dos dois maiores partidos, que poderia ser capitalizada por um elemento agregador.
Ora, quando temos os dois candidatos à concelhia de Bragança do PSD a declararem o seu apoio ao mesmo elemento para encabeçar a lista à Câmara dentro de um ano (Paulo Xavier), percebe-se que, também aqui, o espaço de Sobrinho Teixeira foi dinamitado.
Portanto, nesta altura, as probabilidades de Isabel Ferreira ser a concorrente do PS contra Paulo Xavier do PSD são grandes. Fica por saber o que farão Chega (também sem a unanimidade, pelo menos localmente) ou Iniciativa Liberal vão fazer. Porque tanto CDU como Bloco de Esquerda não flutuam muito na sua votação, por tradição.
Haverá ainda espaço para uma lista independente? Poderá ser essa lista encabeçada por Sobrinho Teixeira?
A porta fecha-se cada vez mais. E o futuro é só o lugar onde vamos passar o resto dos nossos dias.
Por isso, convém cuidar dele convenientemente.
