A opinião de ...

“A saúde não é um luxo, é para todos”

O Papa Francisco lembrou, esta semana, num encontro com a Federação Nacional de Técnicos de Radiologia, Reabilitação e Prevenção, que “a saúde não é um luxo, é para todos”.
Numa altura em que saltam à vista os arames por que está presa a saúde em Portugal, que é preciso enfrentar poderes instalados há décadas sob pena de perdermos uma das bases de um Estado de Direito Democrático.
A abertura de mais um curso de medicina, por exemplo, é um bom passo mas deve ser acompanhado de outros de forma a inverter o rumo dos acontecimentos.
A ideia que fica é que as medidas tomadas ao longo dos anos têm sido mais pequenos analgésicos do que propriamente remédios fortes para o problema da falta de profissionais e de valências em todo o país.
A progressão da população é um fenómeno lento, mensurável e que, por isso, permite a antecipação das necessidades que o país terá em dez anos, por exemplo, em áreas como a saúde ou a educação. E a sensação que os portugueses têm é que a governação é sempre apanhada de surpresa com as necessidades a cada ano, seja este ou outro Governo.
Há certas áreas da governação que não se podem compadecer de números nem medidas decididas apenas tendo por base folhas de excel com os custos e os proveitos.
O país é um Estado na sua totalidade, em que os cidadãos têm todos os mesmos direitos, sem eles residentes nas grandes cidades do litoral ou numa pequena aldeia do interior.
Por isso é que há determinadas áreas que são consideradas Serviço Público.
Entre elas está o acesso à saúde, à edução ou a própria distribuição postal.
Da mesma forma que um português habitante nas ilhas têm o mesmo direito de mobilidade de um cidadão do continente, e é comparticipado por isso (os chamados custos da insularidade), um português do Interior do continente não pode ser penalizado pelo local em que reside.
E o acesso à saúde é um dos mais básicos.
O Papa Francisco lembrava aos médicos que “a sua profissão nasce de uma escolha de valores”. “Com o seu serviço, vocês contribuem para levantar e reabilitar” os seus clientes, lembrando que primeiramente são pessoas”, disse ainda Francisco, recordando que “a pessoa deve estar sempre no centro, em todas as suas componentes, incluindo a espiritual: uma totalidade unificada, na qual as dimensões biológica e espiritual, cultural e relacional, de planeamento e ambiental do ser humano se harmonizam ao longo do caminho da vida. Os doentes são pessoas que pedem para serem tratadas e sentirem-se cuidadas. Por isso, é importante relacionarem-se com elas com humanidade e empatia”.
Mas o mesmo se aplica aos governantes.

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