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A semente que fica

Faz esta sexta-feira um ano que arrancou aquela que foi uma experiência única para milhares de jovens de todo o mundo, a Jornada Mundial da Juventude, com a chegada de grupos de peregrinos às dioceses.

Foi uma semana de preparação e vivências em todo o país antes da concentração, de 01 a 06 de agosto, em Lisboa, num evento que terá reunido mais de 1,5 milhões de pessoas e tido um impacto económico de 370 milhões de euros no curto prazo.

Um ano depois, o Mensageiro foi tentar perceber o que tinha mudado no Nordeste Transmontano desde então.

Uma coisa é certa, quem contactou mais de perto com o evento, quem o viveu por dentro, quem participou, nunca mais vai esquecer as dinâmicas criadas, o ambiente em volta de um objetivo comum, a cordialidade e urbanidade com que um acontecimento que reuniu tanta gente no mesmo espaço decorreu e que devia servir de exemplo.

Por outro lado, também parece certo que as expectativas criadas antes da JMJ eram altas e que, passado um ano, esperava-se uma mudança mais visível e notório no seio da Igreja.
Mas, como dizia Pedro Lima, presidente da Câmara de Vila Flor à reportagem do Mensageiro, “as mudanças têm de ser naturais e sustentadas”.

“Têm que e ir sustentando a cada degrau”. O facto de a noite não ter passado a ser dia e de a água não ter passado a ser vinho não quer dizer que a presença do Papa Francisco em Lisboa, juntamente com a de tantos jovens, não tenha deixado uma semente que, como todas, tem o seu tempo para germinar.

Contudo, convém não esquecer que também as sementes precisam de cuidados, de serem regadas, de adubo e atenção constante, sob pena de não nascer nada dali. Não basta, pois, atirar apenas a semente para a terra e esperar que no dia seguinte haja uma árvore a dar castanhas.

Atualmente, vivemos um período de rápida transição geracional. As mudanças tecnológicas na sociedade levam a um afastamento cada vez maior entre a geração anterior e a que a segue, ao nível de hábitos de consumo e de vivência. No meio disto, é preciso que os mais velhos reaprendam a comunicar com os mais novos, de forma a conseguir chamar-lhes a atenção.

Esse será, porventura, o maior desafio que fica no pós-Jornada, ou seja, o de como comunicar com a juventude que esteve presente e, sobretudo, com a que ficou à margem, a observar, mas a quem este fenómeno terá criado, porventura, alguma curiosidade sobre o Filho do Homem e a Sua mensagem.

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