(DES)DITOSA PATRIA DO NOBRE POVO DESTA NOSSA EX- NAÇÃO VALENTE…
om a pré campanha a aquecer, e os primeiros debates a tomaram conta das televisões, não ficam grandes dúvidas do que será a atividade política nas próximas semanas, nem da baixíssima qualidade que terá a próxima campanha eleitoral.
A confirmarem-se os prováveis resultados das próximas eleições, além de não lhe ser fácil digerir mais a enorme desilusão com que irá ser confrontado, este nobre povo português, ainda terá de gramar com as desculpas anedóticas do costume, tanto dos grupos que se têm mantido há quase meio século, como desses grupos, grupinhos e grupelhos que, como os cogumelos que nascem com fartura no entrecasco dos troncos das árvores abatidos nas florestas, vão sobrevivendo à sombra das debilidades dum sistema político velho e relho como o nosso e que, mesmo tendo perdido, nunca se coíbem de enaltecer os seus méritos seus méritos e, com a mesma vaidade e idiotice de sempre, continuam a declararem-se como grandes vencedores da noite e os grandes defensores da constituição e da democracia.
É caso para lhes dizer que presunção e água benta cada um toma a que quer.
Duma primeira análise à atividade política desde o tempo decorrido entre a queda do governo e o início dos debates na comunicação social, ressalta, com clareza meridiana, que os próximos tempos da vida das pessoas e das nações serão tudo menos fáceis, o que não deixa qualquer margem para a demagogia barata, a charlatanice comicieira, o aventureirismo irresponsável e a criação de ilusões ou de falsas promessas porque, com toda a certeza, o preço a pagar por elas poderá ser muito alto.
Acabou o tempo de, à falta de melhores argumentos, continuar a branquear tudo com o recurso à proteção e a fé nas virtudes e nas bênçãos da muito veneranda Constituição da República a qual, se não for rapidamente revista e ajustada aos condicionalismos da era moderna, quando quiser ocupar o lugar a que se julga com direito nas prateleiras do arquivo da Torre do Tombo, corre o risco de ser arquivada no mais vulgar caixote das coisas inúteis e arrumada para sempre num qualquer vão de escada.
Neste findar do primeiro quartel do século vinte e um, já não há lugar para os iluminados defensores profissionais da constituição e da democracia, e muito menos das suas democracias.
Depois de a classe política ter decidido derrubar o anterior governo de maioria relativa, sem a certeza dos resultados das próximas eleições, já que a veneranda constituição, como seria justo e razoável, não impede que os mesmos se voltem a candidatar, o mínimo que se espera e exige, tanto dos que tiveram a coragem, a vontade de servir e um verdadeiro sentido de estado para se candidatar, com, e muito particularmente, dos que o fizeram por interesse, oportunismo político, vaidade e promoção social, é que tenham sempre a defesa dos interesses do país e a concretização dos anseios e a resolução dos problemas das pessoas que os elegeram.