A opinião de ...

Frei Francolino Gonçalves, um investigador bíblico que prestigia Corujas, Macedo de Cavaleiros

Tenho de falar de Frei Francolino Gonçalves mas não tenho capacidade para, por mim próprio, escrever sobre ele. Podia investigar mas estou sem acesso aos meios e ao Google, onde há muitos elementos sobre este frade. Por isso, reproduzo e cito partes de um texto da autoria de um insigne intelectual da Igreja Católica, Frei Bento Domingues, texto que ele publicou no dia 25 de Junho de 2017, às 06h52, na secção de «Opinião» do Jornal Público.
«Frei Francolino Gonçalves é reconhecido nos meios da investigação bíblica como uma das suas grandes figuras. Nasceu em Corujas, Macedo de Cavaleiros, em 28 de Março de 1943. Morreu, em Jerusalém, no dia 15 de Junho de 2017.
(…)
José Nunes Carreira sintetizou a história da Exegese Bíblica em Portugal nos seus momentos altos e baixos. Frei Francolino Gonçalves foi um dos seus momentos mais importantes. Fez parte dos grandes investigadores da famosa Escola Bíblica de Jerusalém (EBJ), a responsável, desde os finais do séc. XIX, pelo estudo científico da Bíblia, no campo católico. Para dar a conhecer as dificuldades desse grande salto, aconselhou que fosse editada, em Portugal, uma obra incontornável do seu fundador, Marie-Joseph Lagrange, O.P.
 (…). Depois dos estudos curriculares, em filosofia e teologia, em Portugal e no Canadá, foi enviado para a EBJ. Aí e durante 43 anos, trabalhou como investigador e professor. Considerou-se, até ao fim, como um estudante. Foi solicitado para fazer cursos e conferências em Paris, Berlim, Salamanca, Roma, Portugal, Tóquio, Quebec, Cusco, Lima, Santiago do Chile, México, mas as suas responsabilidades de investigador, de preparação de novos investigadores e de publicações científicas estiveram sempre ligadas à EBJ. Era a sua casa, de vida e trabalho, num contexto de atentados permanentes contra os direitos humanos.
Reconhecido nos meios da investigação bíblica como uma das suas grandes figuras, de alcance internacional. Ao ser convidado para Membro da Comissão Bíblica Pontifícia, e reconduzido pelo Papa Francisco, alguns meios de comunicação católica portuguesa acordaram para uma realidade que ignoravam.
Em Portugal, foi premiado, em 2011, pela Academia Pedro Hispano, é membro da Academia Portuguesa de História, do conselho científico de CADMO, da Revista Lusófona Ciências das Religiões, do ISTA e da Associação Bíblica Portuguesa.
Quem desejar conhecer a sua bibliografia pode recorrer ao site Bibliothèque St Étienne de Jérusalem – École Biblique et Archéologique Française. Em Portugal foi, sobretudo, nos Cadernos ISTA que publicou alguns dos seus estudos mais significativos.».
A sua investigação conduziu-o à negação da ligação directa entre Yavé (Deus primordial) e a história e libertação do povo de Israel, afirmando haver, desde o início dois yaveísmos: o universal, cósmico, da criação e salvação dos do mundo e dos homens e o historicista,  que acompanha a história e dramaturgia de Israel (Frei Bento Domingues, artigo citado).
E o autor que estamos a acompanhar, termina: «É esta distinção que nos pode ajudar a compreender o sentido e o absurdo da violência de muitas páginas da biblioteca do povo de Israel. Colocou-se na boca de Deus os interesses de um povo contra os outros povos. Não pode ter sido o Deus do Universo a escrever essas blasfémias.». (Idem: ibidem). Os povos israelita e islâmico talvez não entendam esta mensagem.
 

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