A opinião de ...

Perguntas à Europa

Aproximam-se as eleições para o Parlamento Europeu e apetece perguntar o que fazem e como vivem os jovens na Europa? E que se propõem fazer as centenas de candidatos por eles?
Muitos jovens, poderemos vê-los nas aulas das escolas e universidades, nos campos de jogos, com o seu grupo de amigos, na rua ou até em casa em frente a um computador.
Outros a desfrutar dos bens culturais e históricos muito significativos e de grande riqueza humanística como as bibliotecas, os museus, as igrejas e outros monumentos que existem em praticamente todas as cidades europeias.
Outros ainda a preferirem os decibéis no máximo e quase ensurdecedores das discotecas e dos grandes eventos músico-digitais enquanto outros meio perdidos na abundância do que os pais lhes dão para uma vida narcísica e superficial a viverem nos labirintos das redes sociais e da pseudo comunicação digital.
Para estes, os sonhos são obter bons resultados no Ensino Secundário para depois entrarem numa boa Universidade e depois com uma profissão segura, estável, onde se ganhe bem e se possível com o afeto de uma família harmoniosa. Enfim, um futuro sem problemas.
Será isto verdade para uns quantos afortunados, para outros não passará de uma utopia pois se verão em tristes periferias anónimas, testemunhas e vítimas de violência e de desconsideração, nos nossos países europeus sem fronteiras, mas com barreiras das disparidades económicas, das diversidades étnicas e linguísticas, de conflitualidades territoriais, de cultura e de crenças, das dificuldades de integração e de aceitação da diversidade de tradições e valores.
Nos debates e nas ideias defendidas pelos candidatos ao Parlamento Europeu presenciamos a proliferação de argumentos relacionados com o horizonte de valores que predominam nas políticas sociais hodiernas, ou seja, o mercado, as finanças, o desenvolvimento económico e tecnológico, o nível de vida, etc.
Serão valores importantes que servirão mais para sobreviver do que para viver, pelo menos de modo pleno.
Há outros valores que a Europa bem precisa e que os candidatos precisariam de defender e que até estão em muitos documentos programáticos e referencias da União Europeia como a solidariedade, os direitos humanos, a dignidade do trabalho e do trabalhador, a igualdade entre homem e mulher, o cuidado do meio ambiente, a justiça e equidade, a Educação.
Relativamente à Educação constata-se que os adolescentes e jovens aprendem informática, línguas, ciências exatas, enfim, competências técnicas. São competências indispensáveis, ninguém põe em dúvida, mas saberes e competências instrumentais.
Nas margens dos currículos, com cada vez menos expressão, sobrevivem com dificuldades áreas como a Literatura, a Arte, a Filosofia já não falando na Educação Religiosa. Lamentavelmente grande parte da Escola atual considera-os antiquados e inúteis.
Então de onde poderá vir a descoberta do sentido da vida, do lugar do outro e do totalmente Outro, a identidade e uma cidadania europeia sã e completa?
A Europa precisa de líderes e dirigentes que se preocupem verdadeira e integralmente com os jovens para lhe garantir um futuro, num contexto de Democracia e fraternidade europeia.

Edição
3987

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