Igreja de São Cipriano, Zeive. “Da Unidade da Igreja Católica”!
A Nordeste de Bragança, perto da raia com Espanha, a confinar com o concelho de Vinhais e parte integrante do Parque Natural de Montesinho, estende-se a freguesia de Parâmio, separada da de Espinhosela pelo rio Baceiro. Pertence à Unidade Pastoral da Senhora da Encarnação/Arciprestado de Bragança e, além da aldeia sede, compreende as de Fontes Transbaceiro, Maçãs e Zeive. Distante 22 km da sede de concelho, Zeive é referenciado nas Inquirições de 1258 como sendo vila pertencente ao senhorio régio (D. Afonso III). Com D. Dinis, a partir de 1320-21 passou a contribuir com 100 libras para custear a guerra contra os mouros. Sendo sede de freguesia, as «Memórias Paroquiais de 1758» referem que incluía o povoado de Mofreita, pese embora esta “naõ reconhece em couza alguma a Matriz de que he filial”. A Igreja de São Cipriano esteve implantada até 1779 em local isolado e elevado, a cerca de 100 metros do povoado, assumia o ‘título’ de abadia e a sua renda estimava cerca 300 mil réis anuais. Tinha três altares e chegou a ter duas confrarias, nomeadamente do Santo Cristo e Das Almas. Altura em que foi demolida por estar muito degradada ao “nível do telhado e paredes e, no interior, na sacristia e capela-mor”, assinalando-se o chão sacro com duas cruzes, uma na entrada principal e outra no local do altar-mor (Luís A. Rodrigues, de Bragança a Miranda: Arquitectura Religiosa de Função Paroquial na época Moderna, 2001). Em meados do século XX foram registados vestígios arqueológicos na área da escola primária. A nova Igreja, reedificada no interior da localidade, tem adro murado, com duas interessantes estatuetas femininas em granito de mãos postas e manto, alusivas a Nossa Senhora? O frontispício, a terminar em empena truncada, tem portal de dintel reto sobrepujado por frontão com óculo central polilobulado. É encimado por custódia, com Cruz sobre Coração Crístico. O portal lateral esquerdo surge também encimado por frontão, concheado no tímpano e interrompido no vértice por cartela com cruz trevolada sobre resplendor. No seu interior tem coro-alto em madeira e púlpito balaustrado, ambos com escadas de madeira adossadas às paredes, pias de água benta junto a cada uma das portas e pia batismal na área fundeira. Em armário-torre de madeira cromada resguarda-se singelo presépio. Posicionados em esquina entre as paredes da nave e do arco triunfal estão os altares do Divino Senhor e de Nossa Senhora do Rosário, do lado do evangelho e da epístola, respetivamente. Ambos em estilo rocaille, talha rosa e decoração a dourado à base de concheados e vegetalismos, as mesas, sem sacrário, são em forma de urna, os retábulos são definidos por pilastras exteriores e colunas interiores em marmoreado fingido, estas de capitel de aproximação coríntia, e o nicho central é de moldura em gola. O ático inclui presença de volutas e é sobrepujado por espaldar com cartela concheada. O altar de Nossa Senhora do Rosário é de três eixos, ladeada pelas imagens de Santo António com o Menino e São Sebastião. O altar-mor, também rocaille e idêntico registo de talha, tem mesa paralelepipédica sobre a qual assenta o sacrário, com relevada celebração eucarística na porta, e retábulo truncado no teto. É de três eixos, delimitados por duas colunas de fuste liso a rosa ‘marmoreado’ e marcas douradas no fuste, com capitel de inspiração coríntia. A tribuna central, emoldurada e arco de volta perfeita, destaca Custódia sobre trono, centrando Coração flamejante, encimado por cruz e circundado por nove anjos. É coroada, invocando Cristo Rei do Universo. Nos eixos laterais, sobre mísulas concheadas, estão as imagens do Orago São Cipriano de Cartago, Bispo e Mártir, e de São José com o Menino. A pintura do teto remete ainda para a sagrada Custódia, com Cruz na luneta, ladeada por anjos em adoração da Santíssima Eucaristia. A presença de Cristo Vivo através da Sagrada Custódia é imagem de marca da Igreja.