Ricardo Mota

Outro mar azul

Sou levado pelos pés ou pelos pneus do carro quando deambulo, gosto de me procurar nos meandros da História, junto de lugares que me contem acerca dos tempos, de como foram e o que os trouxe até aqui.
No terreiro do Cristo Rei, em Almada, observo a imponência a partir deste morro onde mora a vertigem. O grandioso Tejo, o mais longo rio Ibérico, oferece-se ao mar que o recebe na mais opulenta sala de visitas tendo ao centro um luminoso candeeiro, o Bugio. É mesmo ali que o Sol se põe colorindo as águas de um inesquecível vermelho fogo, chamariz de objetivas enamoradas.


Hecatombe Explosiva…

Lembra a História que há cerca de 3600 anos uma explosão vulcânica de dimensões apocalíticas, uma super mega erupção, no arco vulcânico do Mar Egeu, pode ter levado à extinção da Civilização Minoica em Creta e à origem da lenda Platónica do desaparecimento da Atlântida.


Denominador Comum…

Naqueles velhos tempos, lá no longinco Felgueiras de menino e moço, no extinto Externato Infante D. Henrique, propriedade da Família Barros de Moura do saudoso e brilhante deputado Comunista/Socialista, com D. Dulce, matriarca, ao leme, já lá vão sessenta anos, tive os primeiros contactos com a matemática esquisita, com números por cima e por debaixo de um traço, foi-me apresentada a fração, outra forma de dividir as mais diversas contas do mundo numérico.


Inferno Democrático…

A teorização sobre a existência de Deus e do Diabo vem das calendas romanas, questões da Fé, o tema apaixona a humanidade desde os primórdios, no limite o desconhecido é Deus e seu reverso o Diabo.
Os portugueses descobriram que para lá dos mares existiam outras terras e outras gentes e toda esta gente interroga-se sobre Deus como Ser Criador, da Humanidade e do Universo. Nos dias de hoje centramo-nos no Universo onde habita o infinito.


Divagando…

Regressar é como um encontro procurado, é ser sugado, andar para trás, é meditar em confronto connosco. Voltei ao Sendim da Ribeira, no coração de Alfândega da Fé, revi-me nos tempos em que a vida explode numa aldeia ativa, com gentes que possuíam a terra e a emprenhavam mesmo, dava gosto observar o crescimento dos filhos, os de sangue e os de seiva. Era uma comunidade autêntica, comunista mesmo, várias eram as atividades em que que todos ajudavam um, as malhadas povoam-me o imaginário.


Xeque–Mate…

Com a exigência do Resgate, implorado pela direita portuguesa, conluiada com a esquerda anti–poder, que fizeram cair o Governo Sócrates, Portugal atravessou um dos mais desiguais períodos da sua História tendo como Timoneiro o Passos da Tecnoforma e como Visionário (depois de acontecer) o infalível Cavaco.
A onda tsunâmica que se alevantou atirou para o desemprego mais de quinhentos mil cidadãos, todos do Sector Privado, pois que do Publico, protegidos por chapéu de legalidade escabrosa, aguentaram-se na Crista da Onda enquanto na Cava estrebucharam os do costume.


Tansos…

Fica, de facto, em lugar paradisíaco, integrado no Concelho de Vila Nova da Barquinha. Por incrível que pareça foi Sede de Concelho até aos inícios do Sec. XIX. Por ali passa o futuro, dizem-no agora, outra vez, os nossos engravatados políticos, os mesmos que destruíram a rede arterial férrea que ligava, para o povo, o heterogéneo território nacional. O apeadeiro, em Praia do Ribatejo, é um dos orgulhos da Linha da Beira Baixa donde se avista o mítico monumento insular Castelo de Almourol.


Um Beijo…

Dando crédito aos especialistas, os beijoqueiros, existem várias espécies de beijos, vai depender de vários factores a sua tipologia, sua catalogação.
Há registo de um ranking de beijos que passaram à eternidade tal a paixão que deixam no íntimo de quem os analisa, de quem se deixa ir na onda sensual, de intimidade, de interligação, do levitar, do alheamento, do par fundido.


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