Nordeste Transmontano

Ambulância SIV de Mirandela inoperacional por falta de técnicos de emergência pré-hospitalar

Publicado por Fernando Pires em Seg, 2023-12-11 14:33

A ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) do INEM, sediada no serviço de urgência do hospital de Mirandela, está inoperacional, desde as oito da manhã e as 20 horas desta segunda-feira, por falta de técnico de emergência pré-hospitalar por já terem atingido o limite de horas extraordinárias previstas.

A informação é confirmada pelo presidente do sindicato dos técnicos de emergência pré-hospitalar (STEPH). “Mirandela tem quatro técnicos, no geral todos estão com uma sobrecarga enorme de horas extraordinárias e convém sublinhar que elas não são obrigatórias, uma vez que estão previstas em escalas”, revela Rui Lázaro.

“Entre os técnicos que já excederam o limite de horas” - e que se trabalhassem não iriam receber – “e aqueles que não estão disponíveis para fazer mais porque também têm uma vida pessoal e familiar que importa salvaguardar, não conseguiram, para hoje, encontrar ninguém para colmatar essa parte”, acrescenta.

A gestão das ambulâncias SIV é feita pelo CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica) e não terão conseguido alocar técnicos de outras zonas do país para Mirandela.

A tripulação da Ambulância SIV é constituída por um enfermeiro e um Técnico de Emergência Pré-hospitalar. Neste caso, o enfermeiro até está disponível, mas falta um técnico e ao que o Mensageiro apurou, até ao final do ano, há mais 10 turnos de 12 horas sem nenhum técnico escalado.

Rui Lázaro adianta que estas situações tendem a ser recorrentes em vários pontos do país, “fruto do da falta de atratividade” da carreira de técnico de emergência pré-hospitalar. “Os últimos concursos abertos têm ficado abaixo dos 30 por cento de contratação”, diz o presidente do STEPH. Para além disso, há também a questão “da elevada taxa de abandono que supera já hoje os 40 por cento, daí andarmos a exigir há alguns anos a revisão da carreira de forma a torna-la mais atrativa”.

Rui Lázaro revela que foi possível chegar a um princípio de entendimento com o Ministro da Saúde. “Ficou combinado que até ao final do ano iriam ter início as negociações, mas com a queda do Governo, o processo fica suspenso, pelo menos até à próxima legislatura”.

Para além da revisão da carreira, as reivindicações do sindicato passam pelo aumento dos vencimentos. “O salário base de entrada na carreira de técnico de emergência pré-hospitalar, é hoje de 860 euros. Para técnicos que trabalham 365 dias por ano, à chuva, ao vento, com a responsabilidade, muitas vezes, das suas ações estar em risco a vida e a morte de cidadãos, para ganhar quase o salário mínimo nacional é de todo desajustado”, lamenta.

Outros dos pedidos, passa pela criação de um subsídio de risco e penosidade, “fruto das condições que temos obrigatoriamente de trabalhar, sem desvalorizar a fraca atratividade das categorias da profissão que separa entre os técnicos de base e um número residual de chefes, menos de um por cento, que mudam de categoria, pelo que pretendemos categorizar a carreira com base nas competências técnicas”, conta.

Estas ambulâncias destinam-se a garantir cuidados de saúde diferenciados, designadamente manobras de reanimação, até estar disponível uma equipa com capacidade de prestação de Suporte Avançado de Vida. Este conceito é extensível às situações que poderão evoluir para paragem cardiorrespiratória, caso não sejam imediatamente tomadas as medidas necessárias.

Com esta ambulância fora de serviço, em Mirandela, o meio mais próximo passível de ser acionado será o helicóptero, estacionado em Macedo de Cavaleiros, ou a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Bragança.

O distrito de Bragança é coberto por duas ambulâncias SIV. Uma está sediada, na Urgência Básica do Centro de Saúde de Mogadouro e cobre os concelhos de Mogadouro, Miranda do Douro, Vimioso, Freixo de Espada à Cinta e Alfândega da Fé.

A outra é a de Mirandela que está adstrita aos concelhos de Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Vinhais, e ainda aos concelhos de Valpaços e Murça, no distrito de Vila Real.

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