Mirandela

Coordenadora do Bloco de Esquerda considera que se o parque eólico avançar será "uma enorme irresponsabilidade da APA"

Publicado por Fernando Pires em Ter, 2022-12-13 11:05

A coordenadora do Bloco de Esquerda esteve, este domingo, na Junta de Freguesia de Passos (Mirandela), para um encontro com o Movimento "Juntos pela Serra de Passos sem Ventoinhas" que contesta a intenção de um operador privado em instalar seis aerogeradores na serra transmontana que tem a maior concentração de pintura rupestre do país.

Catarina Martins é mais uma voz que se junta à comunidade científica contra a construção de um parque eólico em plena serra de Santa Comba/Passos, em Mirandela. "A APA faz um parecer e renova um parecer com base em conhecimento cientifico desatualizado e não se preocupa com nada", declarou, argumentando que "foi feita uma avaliação de impacto ambiental com dados até 2014, que já devia ter caducado e a APA decidiu que continuava válida, sem olhar para os dados atuais da investigação cientifica".

A coordenadora do Bloco de Esquerda diz mesmo que se trata de uma “enorme irresponsabilidade de se irem pôr seis turbinas de cem metros de altura em cima de um património arqueológico e natural ímpar, com mais de sete mil anos, aparentemente sem nenhuma justificação que não seja a APA dizer que sim com mais pressa a qualquer negócio do que a fazer o seu trabalho que é preservar o património natural do país", afirmou.

Catarina Martins entende que a aprovação e renovação do parecer favorável ao parque eólico a instalar numa área que abrange as freguesias de Lamas de Orelhão e Passos, no concelho de Mirandela, é apenas mais um dos exemplos em que a atuação da Agência Portuguesa do Ambiente não é transparente. “As descargas no Tejo, são feitas e a APA pura e simplesmente parece incapaz de agir sobre empresas que estão a poluir, ou as empresas de bagaço da azeitona que, em zonas do Alentejo, tornam impossível viver em determinadas situações, ou o próprio aeroporto do Montijo, que a APA diz que pode ser, embora vá ficar inundado, que as alterações climáticas não permitem", são outros exemplos apontados que, no entender da bloquista, refletem “uma série sucessiva de decisões da APA em que permanentemente o interesse económico de momento parece valer muito mais do que a razoabilidade ambiental e os direitos das populações e isto repete-se em casos demais”.

Ora, perante isto, a coordenadora do Bloco diz que são precisas mudanças na direção da APA. “Os protagonistas atuais já provaram a sua incapacidade de tornar a APA uma entidade transparente e em que as populações possam confiar".

O parque eólico previsto para Trás-os-Montes representa um investimento de 30 milhões de euros.

Catarina Martins disse que "há um processo de classificação que também decorre", como Sítio de Interesse Público, depois de outra zona da serra já ter obtido o mesmo estatuto anteriormente.

Nas diferentes iniciativas que os partidos têm tomado na Assembleia da República, o Ministério da Cultura esclareceu recentemente que o parque eólico não se encontra nem na zona já classificada, nem naquela que está em vias de classificação.

Catarina Martins refuta, alegando que as torres se encontram na chamada zona de proteção especial e que "uma torre de cem metros mesmo ao lado do património, só para as colocar lá, vai destruir o que lá está".

O anúncio do início da construção motivou a criação de um movimento nas redes sociais, constituído essencialmente por arqueólogos, intitulado "Pela Serra de Passos sem Ventoinhas", que recebeu agora o apoio à causa por parte da coordenadora do BE.

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