Mirandelense é reforço da melhor equipa portuguesa de basquetebol em cadeira de rodas
Depois de 12 anos ao serviço da Associação Portuguesa de Deficientes (APD) de Paredes, Paulo Araújo vai agora representar as cores da APD de Braga, a equipa que conquistou o triplete na temporada transata no basquetebol em cadeira de rodas (BCR): Campeonato, Taça de Portugal e Supertaça, anunciou o clube minhoto no seu canal de comunicação.
O mirandelense de 34 anos (natural de Contins) não esconde o entusiasmo pelo convite. “É um clube histórico do BCR, em Portugal, e sempre sonhei representar e ganhar títulos por esta equipa. É um privilégio defender estas cores. Estou muito feliz e pronto para aprender e dar tudo. O grande objetivo desta época é vencer tudo. Quero fazer parte da história deste grande clube”, adianta Paulo Araújo.
É uma nova etapa para o mirandelense que pratica basquetebol em cadeira de rodas, desde os 11 anos, incentivado por um amigo que praticava a modalidade. “Emprestou-me uma cadeira de rodas, com alguns anos de uso, e comecei a jogar”, diz.
Como não há competição em Mirandela, procurou outras paragens representando associações de Bragança, Chaves e Vila Pouca de Aguiar, até que, em 2012, surgiu a oportunidade de ingressar na equipa da Associação Portuguesa de Deficientes de
Paredes, no Porto, onde se manteve até à temporada transacta.
Paulo Araújo admite que só mesmo uma grande paixão pela modalidade é que o ajuda a superar o desgaste de uma década de constantes deslocações e conciliar com a profissão de operador de call center no Hospital Terra Quente, em Mirandela.
Para além do basquetebol, o mirandelense também pratica atletismo. Paulo Araújo é paraplégico, nasceu com uma deficiência motora grave, resultante de uma doença congénita - espinha bífida - já foi submetido a duas dezenas de intervenções
cirúrgicas para tentar aumentar o seu grau de mobilidade. Atualmente tem 90 por cento de incapacidade.
Mas nem isso o desmotivou e sempre quis atingir várias metas. Este mirandelense admite que praticar desporto tem sido um fator de motivação para não esmorecer. “Não há barreiras para o desporto, vou sempre praticar, porque faz bem à minha parte física. Se estiver duas semanas sem treinar, para mim já é uma autêntica doença e já me custa mais a tirar a cadeira do carro e fazer as transferências”.
No fundo, Paulo quer ser um exemplo de motivação para quem tem problemas de mobilidade. “Para mim, desistir e nunca são duas palavras que não existem”, garante.
Foto: APD de Braga