Mirandela

Mulher diz ter sido filmada por desconhecido na casa de banho da Loja Continente

Publicado por Fernando Pires em Qui, 2024-03-21 10:43

Um homem terá usado um telemóvel para filmar uma mulher quando esta se encontrava na casa de banho, a fazer as suas necessidades, na Loja Continente de Mirandela.

De acordo com a ofendida, descobriu que alguém estava a filmar com um telemóvel por cima da porta e participou o caso à polícia, contra desconhecidos, porque, apesar de suspeitar de um homem que teve um comportamento estranho no corredor de acesso às casas de banho, não tem provas para acusar.

Espera agora que o Ministério Público possa pedir as imagens de videovigilância da Loja. Até ao momento, o Grupo Sonae ainda não prestou esclarecimento sobre o caso, mas fonte ligada à Loja de Mirandela adiantou que está a colaborar com as autoridades e que terá sido reforçada a segurança naquela zona da Loja.

O caso aconteceu, ao final da tarde da passada quinta-feira (14 de março), quando Paula (nome fictício) foi às compras à Loja Continente, mas antes disso, deslocou-se à casa de banho. “No percurso, fui ultrapassada por um sujeito que me interrompeu a passagem e passou na minha frente no corredor que dá acesso às três casas de banho. O sujeito dirigiu-se à casa de banho do meio, a que está destinada a pessoas com dificuldade de mobilidade, e já isso chamou-me à atenção, porque não me pareceu deficiente e também vi que estava a segurar o telemóvel na mão”, descreve.

Alguns segundos depois deste episódio, Paula viveu momentos de pânico. “Entrei na casa de banho das mulheres. Baixei as calças, comecei a fazer as minhas necessidades e de repente comecei a ver uma sombra debaixo da porta e consegui ver os pés a andar muito devagar”, relata. “Se fosse outra mulher batia na porta e ia embora ou esperava, mas aquela sombra parou, muito lentamente, e tive o instinto de olhar para cima e vi um telemóvel parado como se estivesse a gravar, não estava a tirar fotos porque não havia movimento com a mão”, diz.

A sua primeira reacção foi gritar por socorro. “Comecei a gritar e o tempo que levei de conseguir subir as calças e de me arranjar foi o tempo suficiente para a pessoa sair dali e, penso que deve ter-se refugiado na casa de banho para os deficientes, mas quando fui alertar o segurança, ele fugiu”, afirma.

Paula acredita mesmo que não tenha sido a primeira vítima. “Sinto que ele já fez isso mais vezes, porque sabia o que estava a fazer, a delicadeza de como fazia todo o processo, não terei sido a primeira e supostamente não serei a última”, receia.

Paula diz que o objetivo principal de relatar publicamente este caso é para que “todos estejam alerta”, porque “vai muita gente àquela loja: crianças, jovens e mulheres”.

Paula entende que se ficasse em silêncio, “isto caía no esquecimento e ele ia fazer mais e seria pior, porque se conseguiu fazer isso comigo, com uma criança será pior. Faço esta denúncia, para prevenir, não deixarem ir as crianças sozinhas e mesmo qualquer pessoa que vá às casas de banho que fiquem atentas, até essa situação ficar resolvida”, avisa a mulher sublinhando que teve toda a colaboração dos responsáveis da Loja neste processo.

 

Ministério Público pode solicitar a visualização das imagens

 

A conduta do suspeito pode enquadrar-se no crime de devassa da vida privada punível com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 240 dias, mesmo que as respetivas fotografias ou vídeos não tenham sido divulgados ou mostrados a terceiros, e são passíveis de agravamento, por exemplo, se os factos forem praticados através de meios de difusão generalizada.

Trata-se de um crime semipúblico, ou seja, o respetivo procedimento criminal depende da apresentação de queixa, o que já foi feito, confirmou a PSP de Mirandela.

De acordo com a Lei, a PSP está impedida de ter acesso às imagens de videovigilância, mas já pediu ao Continente a preservação das imagens (não podem ser destruídas, nem ter imagens sobrepostas), aguardando-se a determinação pelo Ministério Público da utilização daquele meio de prova no âmbito do processo.

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