Nuno Gonçalves: “Foi uma honra liderar o Grupo Desportivo de Bragança”
O treinador portuense Nuno Gonçalves, de 49 anos, despediu-se do Grupo Desportivo de Bragança com palavras de gratidão e orgulho pelo percurso realizado no clube transmontano, numa retrospetiva realizada 15 dias após a sua saída. Depois de 18 meses ao serviço dos brigantinos, Gonçalves deixou a equipa no 3.º lugar da Série A do Campeonato de Portugal, numa caminhada marcada pela conquista do Campeonato Distrital e da Taça da AF Bragança na época de estreia, em 2023/2024.
Em declarações ao Mensageiro de Bragança, o técnico fez uma reflexão sobre a sua passagem pelo clube, destacando momentos marcantes, os principais desafios enfrentados e a decisão difícil que o levou a abdicar do cargo.
“Simplesmente incrível”. É assim que Nuno Gonçalves descreve a sua passagem pelo Grupo Desportivo de Bragança. “Foram 18 meses de sucesso desportivo, onde vivi momentos inesquecíveis e muito felizes”. Entre os momentos mais marcantes, o treinador destaca as conquistas do Campeonato Distrital e da Taça, mas também a evolução da ligação entre a equipa e os adeptos.
“Recordo o dia em que entrei no Municipal e vi tanta gente. No início, nos jogos da Distrital, não havia 20 pessoas. Um ano depois, a cidade e os seus habitantes apoiavam-nos com alma e coração. Essa conexão foi uma das maiores recompensas do nosso trabalho”, revelou emocionado.
Apesar das conquistas, Nuno Gonçalves não escondeu os desafios enfrentados no clube. “O Grupo Desportivo de Bragança é um clube enorme, onde se trabalha com muito profissionalismo, mas ainda existem limitações para alcançar outros patamares”, afirmou.
Entre as dificuldades mencionadas, destacou a falta de acompanhamento diário por parte da direção, fruto das obrigações profissionais externas de alguns responsáveis. “Isso fez com que, muitas vezes, tivesse de lidar com problemas sozinho. No entanto, sempre contei com o apoio e a dedicação do presidente, que esteve presente em todos os jogos e demonstrou um compromisso incrível”, sublinhou.
O técnico portuense deixou a sua marca no estilo de jogo da equipa, que definiu como sendo de “intensidade, alma, capacidade de acreditar e querer”. Segundo Nuno Gonçalves, este ADN foi a base do sucesso da equipa, sustentado também pela qualidade e dedicação dos jogadores.
Para além do impacto desportivo, o técnico orgulha-se de ter contribuído para mobilizar a cidade e os adeptos em torno do clube. “Os números falam por si. Sei que ajudei a reerguer o Bragança e a criar uma ligação única com os seus adeptos. Isso é algo que levo comigo para sempre”, afirmou.
Sobre a sua saída, Nuno Gonçalves esclareceu que não foi motivada pelos resultados desportivos. “É verdade que já não vencíamos há cinco jogos, mas quatro desses foram fora de casa, e apenas um foi uma derrota no Municipal, a única em 18 meses. A minha saída deve-se à falta de condições que considerei essenciais para continuar a trabalhar da forma que considero necessária”, explicou.
O técnico admitiu que foi uma das decisões mais difíceis da sua carreira. “Deixar o Bragança foi doloroso, mas havia valores e princípios que não podia ignorar. Sempre fui transparente com os adeptos e com o clube. Desejo o maior sucesso ao Bragança e à sua gente, que me fizeram viver um sonho de criança”, concluiu.
Quanto ao futuro, Nuno Gonçalves revelou que pretende esperar por uma oportunidade que esteja alinhada com os seus valores e princípios. Contudo, descarta a continuidade no futebol brigantino. “Quero dedicar mais tempo à minha família, algo que valorizo profundamente na vida”, disse.
Nuno Gonçalves despede-se com uma mensagem de gratidão: “Foi uma honra liderar o Grupo Desportivo de Bragança, a sua cidade e a sua gente. Desejo que este clube continue a crescer e a fazer história. Serei sempre um de vós!”.
Foto Arquivo: Guilherme Moutinho
