Legislativas'22 - ENTREVISTA A MAXIM JAFFE (LIVRE)

"O principal problema do distrito é o despovoamento, que afeta toda a sociedade"

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2022-01-27 11:54

Nasceu no Reino Unido mas tem antepassados do distrito de Bragança, na capital de distrito e em Vila Flor.

Mensageiro de Bragança: Porque decidiu candidatar-se?
Maxim Jaffe:
Bragança sendo um distrito de interior é frequentemente esquecido e pouco representado fora das posições dos principais partidos. Candidatei-me porque penso que era importante trazer os princípios e propostas do LIVRE para Bragança e trazer para o LIVRE e a Assembleia da República a voz das diversas cidades, vilas e aldeias do distrito.
 
MB.: Que diagnóstico traça do distrito de Bragança atualmente?
MJ.:
O principal problema do distrito é o despovoamento que afeta todos os aspetos da sociedade brigantina e seu meio ambiente. É preciso criar condições e incentivos para manter e trazer profissionais de todas as áreas, particularmente da saúde, educação, agricultura, silvicultura, património e área tecnológica.
 
MB.: Que medidas considera prioritárias tomar para o distrito de Bragança caso seja eleito?
MJ.:
O LIVRE defende que o melhor modo de o fazer e através de uma forte cooperação entre empresas, administração pública, associações, cooperativas e de uma discriminação positiva que estimule a economia do distrito. Isto deve ser feito mantendo no distrito os impostos ligados aos seus recursos endógenos, investindo fundos nacionais e europeus e atraindo para pessoas e empresas através de incentivos fiscais.
 
MB.: O que considera fundamental mudar para melhorar a agricultura e a vida dos agricultores do distrito de Bragança?
MJ.:
O LIVRE considera a agricultura um setor fundamental e tem como proposta estabelecer a tipologia de Pequeno Agricultor Familiar e majorar os apoios públicos para estes agricultores além de apostar na formação e extensão rural e na investigação no Politécnico aplicada ao setor agrícola. O LIVRE propõe estimular o setor através da compra de produtos locais para abastecer entidades públicas (escolas, universidades, hospitais, quartéis) e de apoios aos agricultores na adoção de melhores práticas ambientais, tanto através de um fundo de pagamento de medidas agro-ambientais como através de um IVA reduzido para a venda de produtos biológicos e de um taxa de 6% na compra de equipamentos para aumentar a eficiência no consumo de água na agricultura.
 
MB.: Como viu o negócio da venda das barragens da EDP? Considera que tudo foi feito para defender os interesses dos transmontanos?
MJ.:
O LIVRE defende que os impostos devidos na venda das barragens da EDP seja paga e investida obrigatoriamente no território transmontano, particularmente entre as pessoas e setores mais impactos por estas barragens: agricultura, silvicultura, conservação, património e turismo. O LIVRE vai mais longe em defender que lucros derivados uso de águas e terras de Trás-os-Montes e Alto Douro  por empreendimentos de alto impacto social e ambiental como as barragens devem ser mantidos e investidos na região.
 
MB.: O que pensa da regionalização? Considera que deveria ser discutida na próxima legislatura?
MJ.:
O LIVRE, sendo um partido que defende uma forte participação cívica, propõe que a regionalização seja decidida em referendo na próxima legislatura. O partido defende que, caso a regionalização seja aprovada pelos cidadãos, que esta deve ter como caráter fundamental a eleição direta e que, caso seja rejeitada, que orgãos como as CIMs sejam legitimadas igualmente por eleição direta.
 
MB.: Ao nível da saúde dos transmontanos, o que mais o preocupa?
 MJ.:
O que preocupa mais é a falta de proximidade, a dificuldade de os transmontanos, particularmente os mais idosos, em se deslocarem e serem devidamente atendidos no SNS, quer por falta de médico de famílias como de especialidade. O LIVRE insiste que devemos aprender com a pandemia e reforçar e reorganizar o SNS através da contratação de profissionais com condições dignas e investimento público no SNS, com contrações transparentes no setor privado e social onde não haja capacidade suficiente. O partido defende um serviço mais humano com forte foco em prevenir a doença e com acompanhamento ao domicílio e promovendo a autonomia dos utentes.
 
MB.: Para sair da crise económica que adveio da pandemia, que medidas considera prioritárias para a região?
MJ.:
A discriminação positiva da região é essencial, particularmente através de incentivos e apoios que estimulem os setores económicos fundamentais na região: agricultura, silvicultura, turismo, património, conservação e infraestruturas verdes. Esta discriminação deve ser mais enfática nos setores turismo e lazer, setores que mais sofreram com a pandemia. Isto pode ser feito garantindo uma redes de segurança para as pequenos e médias empresas e seus trabalhadores como através de medidas nacionais que estimulem o consumo local, o turismo interno e a diversificação económica que reduzam a dependência num único setor. Uma proposta nacional que pode estar a frente deste estímulo é a redução de horas de trabalho e mais dias de férias  que podem estimular o consumo local e turismo interno tão importantes para este setores altamente afetados (35h semanais e 25 dias imediatamente com progressão até 2030 para 30h e 30 dias).

 

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