TÉNIS DE MESA

Presidente do CTM Mirandela agastado com a falta de apoio para o projeto europeu

Publicado por Fernando Pires em Seg, 2025-02-17 17:52

Depois da passagem aos quartos de final da Taça Europa, Isidro Borges continua a não garantir que a equipa possa continuar na prova devido à falta de apoio das entidades locais.

Na deslocação à Chéquia, a comitiva mirandelense foi desfalcada da sua primeira jogadora e até da treinadora por "limitações financeiras".

O desalento de Isidro Borges é evidente: "Mirandela não merece esta equipa nem este projeto europeu", afirma.

24 horas depois de a equipa feminina do CTM Mirandela ter carimbado o passaporte para os quartos-de-final da Taça Europa, em ténis de Mesa, após eliminar a equipa do Ostrov, da Chéquia, o presidente da direção do clube mirandelense reitera que não consegue garantir que as atuais campeãs nacionais possam estar presentes na próxima fase desta competição, que é a segunda mais importante no Velho Continente nesta modalidade, por “limitações financeiras”.

Isidro Borges diz ter sido “uma vitória histórica” tendo em conta o contexto em que foi conquistada, dado que o trio mirandelense - constituído pela Mariana Santa Comba, Inês Matos e Annamaria Erdelyi - viajou sem a treinadora, Xie Juan, e desfalcada da sua primeira jogadora, a atleta de Singapura - Li Jhun – para cortar nas despesas. “Já na primeira mão, não jogamos com a nossa melhor jogadora. Também não jogámos ontem, mas ela não está lesionada, só não conseguimos. Desta vez, a própria Xie Xuan, a treinadora da equipa, também não foi, para conseguirmos liquidar as despesas que fazemos. E portanto, quer dizer, andar na Europa a este nível, é muito constrangedor. A Anamaria, é jogadora, mas liderou esta equipa também como treinadora, e pronto, abandonadas, cada uma por si e todas juntas, é que fizeram esta verdadeira alma mirandelense e trouxeram de lá aquilo que é a nossa passagem, mas às vezes quase me apetece dizer que também me apetece perder”, lamenta.

Isidro Borges não consegue mesmo disfarçar o enorme desalento com a falta de apoio para este projeto europeu. “Inventámos uma certa narrativa, de que fazemos das tripas coração, transformamos água em vinho, ou ao contrário, conforme aquilo que é necessidade, e de facto, há muitas cidades que querem ter grandes projetos e não podem, porque não podem mesmo, Mirandela pode, e portanto, estamos em presença de um clube que efetivamente pode colocar Mirandela na alta roda europeia, mas, tenho que dizer que Mirandela não merece ter esta equipa e Mirandela não merece ter este projeto. Já na primeira mão, em Mirandela, esta equipa esteve quase completamente abandonada no nosso pavilhão. Estivemos lá 30 ou 40 pessoas, isto é uma realidade, e isso não é por acaso, há um conjunto de fatores que levam a isto”, acrescenta o líder do clube transmontano.

“A Mariana Santa Comba merece aqui um pequeno elogio especial, porque ela foi verdadeiramente grande, é uma jogadora jovem em que a federação, neste momento, mais deve investir, porque, em julho, foi a única jogadora a trazer uma medalha de bronze do Campeonato da Europa, e nesta eliminatória, foi fundamental, porque das cinco partidas que Mirandela ganhou ela marcou duas, ora, isto é uma miúda com 17 anos, nascida e criada em Mirandela, portanto, quer dizer que é um trabalho perfeitamente fantástico. E quando eu digo que Mirandela não merece este projeto, também digo que o dinheiro não é tudo, porque, quando um turista chega à Mirandela, e se for pelos canais oficiais, daquilo que é o turismo, do ponto de vista geral, não fica a saber que existe ténis de mesa em Mirandela”, sublinha.

O presidente da direção do CTM Mirandela deixa entender que esse apoio ainda pode chegar e com a garantia da presença da primeira jogadora na equipa, acredita que “pode ser possível o clube ser campeão da Europa”, afirma. “Isto já não são condições, mas estamos a 40 dias da primeira eliminatória dos quartos de final. Mirandela até pode ser campeão da Europa com esta equipa, se estiver completa. Não estou a dizer que vamos ser, nunca disse isso, não prometo nunca resultados, só prometo aquilo que pode acontecer. Há probabilidades grandes de poder ser, mas tínhamos que jogar com condições”, explica.

Mas, por agora, Isidro Borges continua a não garantir que seja possível marcar presença nos quartos-de-final da Taça Europa e tentar conseguir, pelo menos igualar o feito da época passada em que chegou às meias-finais desta competição. “Se vamos continuar a jogar, não sei, não tenho toda a certeza, porque nós estamos a criar dívida em permanência com esta participação europeia. Para as provas nacionais, já temos condições de participação, já temos há mais de trinta anos. O que estou aqui a falar é no projeto europeu, Mirandela hoje é grande, porque estávamos no início desta época no décimo quarto lugar no ranking dos clubes europeus, podemos melhorar e podemos até ganhar o título europeu”, reafirma.

Resta aguardar para saber se o CTM Mirandela vai ter os apoios necessários para jogar os quartos-de-final da Taça Europa Feminina, cuja 1ª mão está agendada para o período entre 28 e 30 de março e a 2.ª mão entre 25 e 27 de abril.

Foto: Federação Portuguesa de Ténis de Mesa

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