Diocese

Primeira grande obra sobre as igrejas do concelho de Bragança foi apresentada e já se pede continuidade

Publicado por AGR em Qui, 07/17/2025 - 09:53

Tem 426 páginas, as duas Catedrais da diocese e 27 templos católicos (Basílica Menor de Outeiro, santuários, igrejas e capelas). É o mais recente livro de Susana Cipriano (também responsável pela fotografia) e Abílio Lousada, e resulta de um longo processo de investigação que permitiu editar este livro apresentado na passada quinta-feira, nos claustros da igreja da Sé, em Bragança, com a presença do bispo da diocese de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida.

“A obra que hoje aqui apresentamos é um valioso contributo para a salvaguarda da memória, dado que serve para descobrir e reviver os testemunhos de fé das gerações passadas através de sinais sensíveis. Temos consciência de que um povo que não conhece, não cuida e não se orgulha do seu passado não tem futuro. Porque é necessário mergulhar na história, para iluminarmos o presente e perspetivarmos o futuro, manifestamos a nossa profunda gratidão aos autores, Abílio Lousada e Susana Cipriano, por esta bela e importante obra: «Diocese Bragança-Miranda. Das Mais Belas Igrejas do Concelho de Bragança. Lugares de Culto e de Fé». Agradecemos às edições Paulinas e a todas as entidades que apoiam a edição”, sublinhou o prelado, aquando da apresentação da obra.

Precisamente, preservar a memória foi um dos objetivos dos autores, que se propuseram estudar os templos do concelho de Bragança.

Abílio Lousada, natural da cidade e historiador militar, com dezenas de livros e artigos publicados, explicou que esta é apenas uma parte dos 240 templos do concelho e inclui uas Catedrais, três Santuários (um dos quais Basílica), 17 igrejas e sete capelas, entre duas particulares. “Este acervo Foto-Literário, que legamos aos leitores, deixando na sua lente a criticidade e préstimo, não representa um trabalho de tese, definitivo, fechado numa pretensa cientificidade, mas somente uma partilha honesta de cidadania e uma homenagem particular às gentes da nossa Terra Transmontana.
Não somos especialistas em matéria arquitectónica de edifícios; não somos cursados em história de arte; carecemos do tempo necessário para mergulhar ainda mais fundo na arquivística histórico-religiosa. Mas fomos à ‘luta’”, lembrou.

“O que motivou, da nossa parte, acuidade de observação, aprofundar a análise presencial e cativar informação adicional. Refiro-me a templos impactantes espacialmente, deslumbrantes em termos decorativos ou marcantes historicamente: Igrejas do Divino Senhor Jesus de Cabeça Boa (Samil), São Salvador (Donai); Nossa Senhora da Assunção (Sacoias); São Bento (Vila Franca); Nossa Senhora da Assunção e ruínas da Capela de Santa Eulália (Izeda); São Genésio (Parada de Infanções); Capelas de Nossa Senhora das Dores (Rio Frio) e de Santo António (Coelhoso).

Quanto às Capelas particulares, se, relativamente à de Santo António de Bragança, nos socorremos também da família (o nosso muito obrigado ao casal eng.º Pedro e Dr.ª Filomena Carmona), no que concerne à de Nossa Senhora das Graças de Calvelhe (igual agradecimento à Dra. Teresa Monjardino e família) o trabalho evoluiu para a base documental no Arquivo Distrital.

Se estes Templos foram um desafio suplementar pela escassez de informação, as demais, com outra amplitude de estudo e divulgação, como é, por exemplo, o caso da Catedrais ou das Igrejas da cidade de Bragança, foram-no perante a necessidade de não cairmos nas repetições ou redundâncias e informação do senso comum; mas alinhar uma coerência Foto-Descritiva histórico-geográfica e Religiosa”, explicou ainda o autor.

D. Nuno Almeida sublinhou ainda que “quando falamos de uma igreja, estamos a falar de um lugar sagrado, onde a comunidade cristã se reúne para celebrar os mistérios da sua fé, escutar a Palavra de Deus e exprimir a sua relação com Deus através de diversas formas de oração e de celebração que marcam o ritmo da sua própria vida”. 

“As igrejas são pontes ou lugares de conexão entre o passado, o presente e o futuro. Radiografias, permitem conhecer a história de um povo; grelhas de leitura, possibilitam compreender o presente; sistemas de navegação, ajudam a trilhar os caminhos do futuro. Memórias vivas e estáveis da vida e da fé de um povo, têm uma identidade própria e uma função múltipla”, disse.

O prelado sublinhou que “uma igreja é sempre “casa e escola de comunhão” para todos, onde se fortalece o relacionamento com os irmãos e de todos com Deus, para que sejamos pedras-vivas”.

“Só podemos compreender uma igreja, quando começarmos a gostar dela e descobrirmos que ela é fruto do amor de tantos benfeitores. Mas existe, sobretudo, porque Deus nos ama e quer encontrar-se connosco em Jesus Cristo crucificado, morto e ressuscitado”, notou.

Lembrou que “as nossas Igrejas seguem correntes estéticas, litúrgicas e necessidades práticas de cada época”. “São o lugar para a celebração da fé, na Eucaristia e demais sacramentos, deixando transparecer a presença de Jesus Ressuscitado, princípio vital da Igreja. Sobretudo uma catedral e uma igreja matriz são centro, marcam o “ritmo” e apontam a direção.

Um Templo é ponte entre o humano e o divino, permitindo o encontro entre o homem e Deus. Para o compreender é necessário a fé e o sentido do invisível, expressão do invisível que se torna acessível e percetível nas formas, nas cores, na luz e na orientação. 

Um templo, qual “regaço materno” convida os seus filhos a entrar, enviando-os, no final do encontro, refeitos pelo alimento da caridade, da palavra e do pão, para o mundo, onde devem ser fermento de uma humanidade cristificada.

O Templo é, assim, o lugar para a celebração participada e consciente da fé na Eucaristia e demais sacramentos, deixando transparecer a presença de Jesus Ressuscitado, princípio vital da Igreja. É centro, marca o ritmo e aponta a direção”, frisou.

Susana Cipriano, co-autora da obra e responsável pelas fotografias, explicou que o percurso que culminou com este livro se iniciou em 2021. “Não sabíamos de antemão onde este projeto nos poderia conduzir, pois nesse momento partimos à descoberta. À descoberta do nosso vasto concelho, percorrendo cada uma das suas 114 aldeias e lugares, igreja a igreja. Fomos compreendendo a especificidade da sua geografia, a riqueza da sua história patrimonial, o valor das suas gentes e a importância das suas tradições e costumes. Percebemos que as nossas aldeias e a vila de Izeda são as nossas raízes culturais mais profundas. Parte integrante de Bragança, sede concelhia e diocesana, sem esquecer Miranda do Douro, cidade berço da Diocese. Não foi, portanto, difícil, deixar-nos envolver na beleza deste projecto”, frisou. O que foi “mais complexo e desafiante” foi “fazer escolhas para chegar a uma decisão final coerente e despretensiosa”. “Para o efeito, procurámos abranger, nas nossas selecções, todo o concelho, nas distintas Unidades Pastorais da nossa Diocese e na multiplicidade e diversidade de Templos. Numa dialética de Beleza na Diversidade / Diversidade na Beleza”, disse.

Tendo em conta o material recolhido, na calha está um segundo volume.

 

Apresentação do livro nos claustros da igreja da Sé

 

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