Um homem morreu em Bragança e outro ficou em coma em Freixo de Espada à Cinta após falhas no atendimento do INEM
Um homem de 86 anos morreu, na passada quinta-feira, em Bragança, depois de sofrer uma paragem respiratória em casa e de a esposa ter tentado contactar o INEM sem sucesso durante cerca de uma hora.
Já em Freixo de Espada à Cinta, um outro homem, de 84 anos, ficou em estado de coma e com prognóstico reservado nos cuidados intensivos do hospital de Bragança depois de ter ficado engasgado com comida e de a família não ter conseguido contactar o INEM, no passado sábado.
Este caso aconteceu em casa de familiares, que tinham ido buscar o octogenário ao lar onde mora para passar o dia.
Durante a refeição, sofreu uma obstrução das vias respiratórias (engasgamento). Estava com um familiar indireto, ex-bombeiro, que aplicou manobras de desobstrução, sem sucesso, por volta das 13h00.
A família esteve cerca de 15 minutos a tentar ligar para o 112. A chamada não foi atendida. O familiar levou o idoso no próprio carro à Urgência Básica do Centro de Saúde de Mogadouro, a mais próxima da ocorrência. No caminho cruzou-se com bombeiros, que transferiram a vítima para a ambulância, mas o homem chegou à urgência já em paragem cardio-respiratória.
Naquele serviço foi possível reanimar a vítima e reverter a paragem cardíaca mas o senhor já não acordou de coma.
Foi entretanto transportado ao hospital de Bragança, onde permanece internado nos Cuidados Intensivos, com prognóstico reservado.
O técnico da ambulância INEM que fez o transporte do paciente também estava deslocado de outro ponto do país pelo que teve de ser a própria família a abrir caminho, pois o técnico não conhecia as estradas da região.
Para além disso, o helicóptero do INEM estacionado em Macedo de Cavaleiros não pôde ser acionado para fazer este transporte pois estava ocupado com outra ocorrência.
A família foi contactada pelo CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes) apenas uma hora depois da ocorrência, a perguntar se precisavam de ajuda.
A situação descrita foi confirmada ao Mensageiro pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar do INEM, que já na quinta-feira anterior denunciara a situação do homem de 86 anos que morreu em Bragança após sofrer uma paragem cardíaca, quando morava na mesma avenida em que se encontra o hospital.
Também nessa semana, um outro homem, de 64 anos, natural de Vinhais, sofreu um acidente à chegada a Bragança, no Alto do Arranhadouro, mas não conseguiu contactar a linha de emergência. Conseguiu chamar um reboque para levar o carro acidentado e contactar a filha, que acabou por levá-lo ao hospital na viatura particuçar, onde deu entrada com um traumatismo craniano e costelas partidas.
“O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) tem recebido denúncias, diariamente, dos mais variados constrangimentos no que concerne à prestação de cuidados de emergência médica, causados sobretudo pela escassez de Técnicos de Emergência Pré-hospitalar”, sublinha o presidente daquele sindicato, o moncorvense Rui Lázaro.
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