A opinião de ...

Os fundos

Muitos dos fundos vindos da Comunidade Europeia no passado afundaram-se em obras sem sentido funcional, várias motivaram e motivam zombarias acídulas, outras perderam-se na burocracia mudando de tom e som, enfim: os fundos serviram de isco mediático no domínio da propaganda política governamental e autárquica. Os abusos deram conteúdos ao então jornal Independente dirigido por Paulo Portas, que imbuído de uma sanha «justiceira» à Robespierre apanhou muitos abusadores e inúmeros inocentes que nunca o conseguiram levá-lo a sentar-se no banco dos réus. Lembram-se?
Agora, está quase a rebentar a bazuca dos milhões vindos da Comunidade Europeia, nesta altura muita gente esfrega a mão direita com a mão esquerda, revira os olhos de contentamento, enche o peito de ar, vai dando corda aos sapatos no intuito de chegar à mesa do cacau, do pilim, do dinheirinho, do arame, dos patacos com que se compram os melões e demais fruta quanto mais exótica melhor, quanto mais diferenciadora será excelente.
O Presidente da República sabendo o que a casa portuguesa promete vigilância atenta e especializada, o primeiro-ministro assegura total transparência, os ministros disputam o melhor e gordo quinhão, nós quedamo-nos expectantes, desconfiados, a observar os movimentos afagadores de quem espera referido carcanhol.
Dizem as pitonisas, diplomadas na Escola de Delfos, ser esta a última oportunidade de podermos sair da cepa torta. Após o ciclo das especiarias, depois da década dilatada dos diamantes e ouro vindos do Brasil, para além do cacau, do café, das madeiras e demais produtos do «Império» africano, só nos resta a «vaca leiteira» da União Europeia reafirmam os diplomados nas referidas «Escolas» onde as referidas pitonisas passam as receitas, no entanto, como expõe o mágico António Costa Silva compete-nos «vergar a mola» e…trabalhar, trabalhar, trabalhar e…poupar, (assim a lembrar o estribilho salazarista), pois o Botas de Santa Comba continua a pairar sobre as nossas cabeças, reparem nas sondagens referentes ao CHEGA.
Estamos mal, os efeitos da tremenda crise económica ainda não chegaram em plenitude, porque mais vale prevenir que remediar, antes da sua chegada, é crucial a adopção de fórmulas enérgicas, esclarecedoras e globais de maneira a os fundos não furarem os bolsos de ninguém como tem acontecido no passado.
No dia 13 de Agosto no jornal Público o nosso transmontano Francisco Castro Rego, distinto professor universitário, investigador e homem de incessante actividade científica publicou naquele jornal um impressionante e corrosivo artigo acerca da «desastrosa incompetência» da ministra da Agricultura Maria do Céu Antunes que não augura nada de bom para aquele nevrálgico sector primário português. Uma calamidade anunciada através do incisivo artigos. O Presidente Marcelo é chamado à liça. Será que vai fazer ouvidos moucos!

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3846

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