A opinião de ...

Solidariedade

Não, não vou evocar a efeméride comemorada há dias. Se respeitável a lembrança do dia da solidariedade, formidável é assumpção da prática diária, tantas vezes semeada de abrolhos e silvados pontudos. Por razões de pesquisa em fontes orais, visitei algumas Instituições de Solidariedade Social sedeadas em Bragança e periferia. Recolhi informações, recebi lições colhidas ao vivo, algumas pungentes, todas a ilustrarem quão frágeis somos na senectude, na doença, no roer os últimos dias, sem família ou dela afastados por toda a sorte de razões algumas miseráveis vindas de miseráveis cobiçosos de tudo.
Tenho dificuldades na apreciação individual de cada uma das Obras visitadas, possuem particularidades, virtudes e valências que as individualizam, no geral todas procuram levar a carta a Garcia enfrentando dificuldades, vencendo resistências, procurando que todos quantos nelas trabalham sejam sólidos apoios daquelas Senhoras e Senhores em desvalimento. E, às vezes não acontecerá. E de quando em quando o alfinete pica o balão da paciência, obrigando à intervenção firme do último elo na cadeia de comando. É a partir daí que as Obras se afirmam, adquirem valimento e projecção. Também influência e poder, veja-se o caso de Pedro Santana Lopes, desistiu da aventura presidencial a favor da continuação na Misericórdia de Lisboa.
Fui ao Lar da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, antigo Hospital onde freiras carinhosas me trataram de ferida provocada pela gula. A acção da Santa Casa é refulgente desde há séculos, leia-se Monsenhor José de Castro, assim continua e continuará interpretando o fio fixo e forte saído das mãos da Rainha Leonor debaixo da inspiração e denodo de Frei Miguel de Contreras. Percebi quão difícil será comandar uma barca desta dimensão em mar encapelado. De volumetria diferente, de igual ou maior amplitude espacial, a Obra Social Padre Miguel incorpora valências de vários tons a lembrarem uma mini cidade construída há pouco tempo e por tal sincronizada de modo a nada se perder, tudo se recuperar. Recordou-me Brasília. Da Caritas retenho o mesmo espírito de missão, idêntica prestabilidade aos residentes em antigo conglomerado de hortas abastecedoras dos seus donos e/ou cultivadores.
Não tive oportunidade de trocar palavras com o Eleutério Alves, esqueço os formalismos, referir-lhe o agrado por o Arquivo da Misericórdia estar à disposição de todos no Arquivo Distrital, falarmos. Assim aconteceu no empreendimento construído sob a égide do benquisto e popular Padre Miguel de Almeida, ao encontrar o Nuno Álvaro Vaz, concedeu-me crédito para adquirir livros a pagar conforme as disponibilidades. Desde há anos dedicado à direcção desta Magna obra, vejo-o alegre e entusiasmado no expor o feito, cauteloso no referente ao que falta fazer. Na Caritas, a Sra. Dona Joaquina Ramos além de sublinhar as vigas fundamentais daquela Casa, apontou os caibros que sustentam o telhado gerador de aconchego e alegria aos graúdos e miúdos ali recebidos. Gentil e hospitaleira esta Senhora.
Armando Fernandes
PS. Em próxima crónica falarei de outras Instituições.

Edição
3541

Assinaturas MDB