A opinião de ...

Falta de noção

A TAP tem sido, por estes dias, o saco de pancada no Governo. A forma como se relacionaram alguns governantes com uma empresa pública revela a completa falta de noção que algumas pessoas mantêm quando ascendem a cargos de poder, nomeadamente político.
O email do Secretário de Estado (que até já se demitiu no início da convulsão) para a presidente da companhia aérea, que foi contratada a peso de ouro para gerir a empresa pública como se faz nos privados, solicitando o atraso de um voo de Moçambique só para agradar ao Presidente da República é um caso flagrante de politiquice. Mas não será caso único.
Um indivíduo que fez carreira a saltar de assessoria em assessoria, chegou a Secretário de Estado (governante) e continuou a comportar-se como um “chega-me isso” bacoco e serôdio.
Gente desta não tem lugar na política, quanto mais num Governo.
O problema é que este tipo de mentalidade desta gente que não tem noção do cargo que ocupa tem proliferado nos meandros dos partidos políticos, fazendo carreira a abanar a bandeirinha do respetivo ‘clube político’ numa qualquer campanha eleitoral, muitas vezes fazendo claque nas redes sociais, sem demonstrarem qualquer tipo de mais valia ou rasgo que seja útil às organizações.
E são cada vez mais os casos de governantes que ascendem sem qualquer prova dada ao longo da sua vida profissional que não seja a de passar a língua pelas botas de quem já está no poder.
Ora, por aquilo que já se viu de todo o processo que envolve a TAP, dá para perceber que o primeiro ‘Cristo’ já ‘ressuscitou’.
Alexandra Reis foi a primeira a ser crucificada quando se soube que abandonou a companhia aérea com uma indemnização dita milionária (curiosamente, ficou pela metade do milhão, requisito para se apelidar de milionária). Afinal, sabe-se agora, saiu da TAP precisamente por estar a ser competente e diligente nas suas funções, o que não agradou à presidente contratada em França e que chegou carregada de tiques chauvinistas, com a perspetiva de quero, posso e mando.
A resposta violenta de António Costa devia servir de aviso e fazer escola nos partidos. Estas situações de tentativa de aproveitamento político de recursos que são de todos são inadmissíveis.
Só é preciso que todos tenham essa consciência e essa noção.
O que neste momento se verifica, é a completa falta dela.

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