A opinião de ...

O problema da educação vai piorar antes de melhorar

O ano de 2023 tem sido conturbado para o setor da educação, com implicações na forma como decorre o ano letivo para muitos alunos, devido a greves e manifestações de professores e outros profissionais que trabalham nas escolas.
Esta semana, o Presidente da República promulgou o diploma que permitiu ao Governo abrir ontem o concurso para a vinculação de professores, mais de dez mil, diz o Ministério da Educação.
No entanto, este diploma não agrada nem os profissionais da educação, que entendem que vai criar ainda mais precariedade e necessidade de viagens para os docentes, nem ao próprio Presidente da República, que o promulgou.
O problema é que o sistema de colocação de professores não é perfeito nem possibilita a cada aluno formado em educação nas universidades portuguesas trabalhar à porta de casa, pois as necessidades das escolas variam consoante o número de alunos, de cidada para cidade.
Apesar de o Governo anunciar que vão entrar para os quadros este ano mais de dez mil professores, também fica no ar a promessa de, no ano letivo seguinte, terem de concorrer a todo o país, sem garantia do local onde ficam colocados. Ou seja, professores de Bragança podem ser deslocalizados para Lisboa, Setúbal ou Algarve (onde há mais problemas de falta de docentes e o real alvo do Governo).
Por isso, a situação, antes de melhorar, vai complicar-se sobremaneira dentro de dois anos.
Nessa altura será grande a confusão e antevejo novo crescimento de pedidos de aposentação ou a subida dos atestados médicos entre professores, com a correspondente instabilidade que isso vai trazer aos alunos e às escolas.
O sistema em vigor em três quartos dos países europeus, que atira para a esfera das autarquias e das próprias escolas o ónus da contratação também não funcionaria em Portugal, onde a instituição da cunha é, ainda, muito poderosa.
Mas o que espanta é que muitas das necessidades anuais das escolas são previsíveis, face ao histórico do número de alunos. A cada ano sabe-se quantas crianças frequantam cada ano de escolaridade. Salvo exceções (migrações e imigrações), é possível prever quantos professores e de quê vão as escolas precisar. Por isso, fica a pergunta. Por que razão os concursos acontecem sempre tão tarde no ano e tão em cima do novo ano letivo?
Ou esta confusão interessa a alguém em particular? O que é certo é que a situação ainda vai piorar antes de melhorar...

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