A opinião de ...

Perseguição religiosa e a água da barragem

Foi apresentado, em Bragança, na passada quinta-feira, o mais recente relatório sobre liberdade religiosa feito pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

No documento, em que se analisa a situação da liberdade religiosa em 196 países, entre junho de 2016 e junho de 2018, e as conclusões são claras e apontam o cristianismo como a religião mais perseguida no mundo. Nos últimos dois anos, 75 por cento das perseguições religiosas foram contra cristãos, e a situação dos grupos religiosos minoritários deteriorou-se em 18 dos 38 países onde há violações significativas da liberdade. Alguns são já referências habituais nos relatórios da instituição.
Uma das novidades do relatório relaciona-se com a Rússia e o Quirguistão, que aparecem pela primeira vez na categoria ‘Discriminação’ e onde muitos dos missionários católicos foram obrigados a sair.

O relatório fala numa “cortina de indiferença” por parte da Europa que desvaloriza a perseguição religiosa que existe em muitos países.

Por cá, o fenómeno não atinge as proporções de perseguição que acontecem em muitos países, sobretudo de África, Ásia e Médio Oriente.

Mas há sinais que não devem ser ignorados e deviam preocupar-nos a todos, que nos deviam fazer acordar para um problema que não se passa apenas além-fronteiras.
Quando se levantam vozes contra a celebração da Eucaristia pascal nas escolas, por exemplo, em que só participa quem quer, em celebrações dinamizadas com cânticos e representações de cariz cultural, estamos perante uma situação de perseguição religiosa pois não se permite aos alunos a vivência plena da sua Fé. E isso, infelizmente, acontece por cá.
Ou quando uma Entidade Reguladora, que avalia o cariz das publicações em Portugal, de forma discricionária considera de caráter doutrinário órgãos de comunicação social legítimos, plurais, que cumprem o código deontológico da profissão, apenas porque são de inspiração cristã. O assunto mereceu já amplo protesto da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, foi discutido em reuniões no Parlamento com os vários partidos e, inclusivamente, num encontro recente da direção com o Presidente da República.

Estes são apenas alguns exemplos, apontados por Jorge Novo aquando da apresentação do relatório em Bragança, mas que nos deveriam fazer pensar e acordar para uma realidade que não está tão distante e além-fronteiras como muitas vezes se pensa.

A intolerância para com os católicos é um fenómeno que vai crescendo e se traduz, muitas vezes, em pequenos sinais.

A rotura de uma grande barragem começa, muitas vezes, numa pequena fuga que, se não for estancada a tempo, origina grandes tragédias.

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