A opinião de ...

Quem nos dá de comer...

Tem sido entretida a campanha eleitoral, com intensos e longos debates nas televisões... entre comentadores, sobre os curtos e vazios debates dos candidatos.
No meio do ruído da discussão, não se ouve nenhum argumento. O problema é que cada vez se discute pior.
Como ouvi recentemente, pedagogia é convencer o outro. Ora, há várias formas de convencermos o outro. Umas vezes pela discussão de ideias e troca de argumentos, em que se chega a um consenso, outra vez pela justeza das nossas ações. Nunca pela força. Podemos, sim, forçar o outro a cumprir a nossa ideia pelo uso da força, mas assim nunca o vamos convencer da justeza das nossas ideias.
Na Bíblia, sobram exemplos sobre a forma que Deus usa para nos educar. Recompensar as boas ações, de forma a incentivar a manutenção dos bons comportamentos, e censurando as más ações, de forma a desincentivar os maus comportamentos.
Hoje em dia, sobretudo a reboque das redes sociais, sobra discussão e falta clareza. Assim como nos debates da campanha.
Nas redes sociais, os moderados afastam-se, sobrando os extremistas. Tudo é ruído. E escuridão. Há medo de discutir para avançar, de refletir e opinar. De educar...
Como dizia D. Nuno Almeida, bispo de Bragança-Miranda, recentemente, “façamos desenvolver em cada pessoa tudo o que há nela de verdadeiro, de belo, de bom, de justo e de puro, para que cada um cresça como filho de Deus e irmão de todos e dê frutos de amor, de alegria e de paz”.
Se as duas ações não forem seguidas em simultâneo, não se vai atingir o objetivo pretendido, isto é, a educação do outro para os bons comportamentos. Ou, no cso da campanha, convencer os eleitores para a justeza de umas propostas em detrimento das outras dos restantes partidos.
Seja porque nos esquecemos de incentivar a manutenção das boas ações e elas vão sendo cada vez menos frequentes, seja porque não censuramos os maus comportamentos e eles tornam-se recorrentes e ‘normais’. Muitas vezes, os que prevaricam nem têm noção de que o fazem e, se não forem chamados à atenção, não têm a oportunidade de aprender e evoluir.
Como disse o Papa Francisco no Ângelus de um domingo recente, no Vaticano, “a ingratidão gera violência, tira a nossa paz e faz-nos sentir e falar gritando, sem paz, enquanto um simples ‘obrigado’ pode trazer paz”. E, digo eu, fazer a diferença...
Ora, numa altura em que estava em rubro a discussão dos agricultores portugueses com a tutela, soa, no mínimo, ensurdecedor o silêncio que ecoa nos debates sobre o tema agricultura. Ainda não se conhece uma ideia, um caminho, uma orientação. No mínimo, estranho.

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