A opinião de ...

Um distrito com esperança

Bragança é um distrito com esperança. E o setor primário tem muito a ver com isso.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, que pode consultar nas páginas centrais desta edição, o número de Jovens agricultores a instalar-se no Nordeste Transmontano foi de 568 em dez anos (de 2009 a 2019). Pelo meio, vivemos os efeitos prolongados de uma grave crise financeira e do resgate da troika. Ainda assim, mais de meio milhar de jovens (a idade máxima para as candidaturas é de 40 anos) decidiu apostar na agricultura.
Podia pensar-se que seria só pelo subsídio, o chamado prémio de instalação, que tem tido valores variados mas ronda os 11 mil euros de média. Mas não, Olhando para o número de explorações, cresceram cerca de cinco por cento no distrito de Bragança.
Por outro lado, a superfície total (ST) das explorações aumentou sete por cento face a 2009, o que corresponde a mais 45,6 mil hectares.
De acordo com os dados do INE, “a única componente da ST que diminuiu foi a SANU (-55%; -22,0 mil hectares). Quanto às restantes, destaque para o aumento da SAU (+3%; +13,1 mil hectares), dos matos e florestas sem culturas sob coberto (+36%; +50,0 mil hectares) e das outras superfícies (+82%; +4,0 mil hectares). O peso das componentes da ST refletiu estas variações, tendo a SAU perdido importância (-3 pp.), uma vez que o aumento dos matos e florestas foi bastante superior (já representam 29% da ST das explorações)”.
Uma tendência que arrasta boas notícias porque permite perceber que havendo mais superfície cultivada significa que é menos terra ao abandono e em risco de desertificação.
Segundo os dados do INE, facultados pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, “o aumento da SAU (+3%, face a 2019) inverteu a tendência de descida observada nos últimos recenseamentos, muito provavelmente à custa da diminuição da SANU. O número de explorações também aumentou (+5%, face a 2009), o que conduziu a uma diminuição da dimensão média da exploração (de 7,0 ha de SAU/exploração em 2009 para 6,9 ha de SAU/exploração em 2019). Estes dois aumentos parecem indiciar quer um regresso às origens, quer o sucesso dos programas de apoio ao combate à desertificação do interior”;
Para além disso, “o aumento da SAU deveu-se ao aumento nas culturas permanentes (+16%; +30,0 mil hectares). Em sentido contrário, verificou-se uma diminuição das terras aráveis ( 11%; 11,5 mil hectares) e das pastagens permanentes (-4%; -5,7 mil hectares). A composição da SAU alterou-se, com as culturas permanentes a aumentarem a sua importância, ocupando já metade da SAU de TM”.
A juntar aos números da agricultura, há a questão da falta de oferta de mão de obra, seja na agricultura seja na construção. Em Alfândega da Fé, o autarca local alerta para a necessidade de políticas que promovam a procura de mão de obra agrícola, que é sazonal. Já na construção, são muitas as obras atrasadas pela falta de gente para trabalhar.
Uma situação que devia fazer os responsáveis políticos do país refletir na distribuição de população pelo país.

Edição
3832

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