2 - O Orçamento do Estado para 2026, reivindicar sim, mas ..
Como é normal, em consequência da recente aprovação na generalidade na Assembleia da República, do Orçamento Geral do Estado para 2026, está a decorrer o período regimental de tempo concedido aos deputados da Assembleia da República para analisar, discutir e votar todas as propostas de alteração ao texto já discutido e aprovado na generalidade, para entregar no plenário para discussão e posterior votação na especialidade, todas as eventuais propostas de alteração, que possam contribuir para a melhoria e concomitante aprovação por maioria deste importantíssimo documento para a governação do país durante próximo ano de 2026 ou para a sua reprovação se, mesmo depois das emendas propostas, o orçamento não for aprovado pela maioria dos deputados.
Sem surpresa, em vez de se dedicarem a uma análise séria responsável, objetiva, e honesta deste importante documento, que ajudasse a passar para fora da Assembleia da República uma imagem forte, clara e insofismável de profissionalismo e dedicação à causa publica, tudo o que tem passado para fora, resume-se a mais um mero espetáculo pífio em que as elites políticas se envolveram, na tentativa desesperada de vencer e retirar o máximo proveito desta espécie de campeonato saloio, sem qualquer sentido, para ver quem consegue apresentar mais propostas de alteração, as quais, a esta data, pasme-se, já se contam aos milhares, muito mais do que seria de esperar do trabalho dos cento e trinta deputados, que durante os próximos quatro anos, assim eles o queiram, terão sempre os seus ordenados e outras alcavalas, depositadas nas suas contas.
A continuar tudo assim, este modo de estar na política, fatalmente, acabará por potenciar e produzir o efeito contrário, de resto um fenómeno já impossível de escamotear, tendo em conta o cada vez maior desinteresse das pessoas da atividade política, com o inevitável e perigoso aumento do número dos que, em surdina ou abertamente, já a consideram como uma simples agência de bons empregos, ao serviço única e exclusivamente da cliques partidárias e da nebulosa de satélites que gira à sua volta, enquadrados numa máquina demasiadamente grande, cara, pesada e desproporcionada para as reais necessidades e possibilidades da economia dum pequeno país como o nosso.
Perante as dificuldades económicas e os inegáveis constrangimentos, internos e externos, para evitar males maiores, potenciadores de consequências demolidoras que poriam em sério o equilíbrio das contas públicas, com consequências demolidoras para nós e, especialmente para o futuro das próximas gerações, moderação e prudência, pede-se a todos.
Aos que pensam e dizem, e não são poucos, “que, venha donde vier, quanto mais melhor”, da mesma forma, é oportuno e importante lembrar que, na sua sabedoria e prudência o nosso povo também diz que “O que é demais é moléstia”, e “Vale mais um pássaro na mão do que dois a voar”.
Ou será que as coisas não são assim?
