A opinião de ...

As Armas e os Barões assinalados, que da Ocidental praia Lusitana... (Camões, Lusíadas C1)

Não há como nega-lo.
O ato de indisciplina da semana passada de parte da guarnição do navio “Mondego”, inviabilizou a realização duma ação de acompanhamento de um navio, curiosamente russo, que navegava nas nossas águas territoriais ao largo da Madeira, pelos danos irreparáveis já provocados a diversos níveis, foi grave demais para se deixar cair no esquecimento, como se de uma irrefletida e lamentável brincadeira de mau gosto se tratasse .
Sendo a marinha a grande imagem de marca, através da qual Portugal granjeou o respeito e a admiração do mundo inteiro, a saga heroica dos antigos marinheiros portugueses que, com querer, coragem, espírito de missão e acrisolado amor à sua pátria, não obstante a escassez de meios que o país lhes oferecia, voltando a citar os Lusíadas, “Por mares nunca dantes, navegados, passaram ainda além da Taprobana, em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana”, escreveram muitas das páginas mais gloriosas da nossa história milenar, merecia mais respeito e consideração de todos os atores envolvidos neste lamentável episódio.
Nestes termos, porque todas as falhas têm de ser tratadas objetivamente e em toda a sua dimensão, sem ideias preconcebidas e sem tentativas de minorar ou de supervalorizar responsabilidades, as coisas mudam de figura quando estão em causa os interesses, o bom nome e a história de todo um país, como aconteceu no caso vertente da rebelião a bordo do navio Mondego que, ao não cumprir uma ordem do comandante da guarnição, e espero bem estar enganado, pode, inclusivamente, despoletar uma indesejável crise de indisciplina no seio das forças armadas.
Chegadas onde as coisas já chegaram, para bem de todos, o país espera e exige de todos os atores envolvidos nesta crise, que cada um se assuma na exata medida da sua culpa e das suas responsabilidades, começando por identificar as verdadeiras razões pelas quais estes marinheiros se recusaram a embarcar, não sendo de excluir que a sua atitude possa estar equidistante da qualidade de culpados ou de vítimas, deixando assim um largo campo aberto para encontrar os verdadeiros culpados, pela evidente falta de resposta adequada à evidente e grave carência de homens e de meios que se faz sentir em todos os ramos das forças armadas.
Sim, porque não são os marinheiros os responsáveis pela falta de manutenção e pelo reduzido número das corvetas, dos barcos, dos submarinos, dos carros de combate, das viaturas, dos aviões e dos helicópteros, não são eles que gastam milhões para comprar barcos elétricos sem baterias, talvez à espera que alguém consiga pô-los a navegar a remos, nem os responsáveis pelo orçamento das forças armadas, este da exclusiva competência do governo, o primeiro grande culpado chama-se governo da maioria, cujo rosto visível e principal responsável é o 1º Ministro de seu nome Dr. António Costa.

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