A opinião de ...

E (quase) todos morreram na praia…..

Passadas duas semanas sobre as recentes eleições legislativas realizadas em outubro, confrontado agora os objectivos traçados com os resultados conseguidos por cada uma das forças políticas em confronto e levando a sério as esperanças e as certezas que os candidatos tentaram desesperadamente impingir-nos, somos obrigados a concluir que, não obstante as tentativas vergonhosas de manipulação dos números apurados, estas eleições ficarão para a história da nossa democracia como as eleições do quase tudo e do quase nada, acabando todos os intervenientes por morrer ingloriamente na praia. Foram rios de tinta malbaratados inutilmente, tiradas grandiloquentes da verborreia vazia de ideias da maior parte dos quase vitalícios lusos comentadores de serviço nos jornais, nas rádios e, muito particularmente, nas televisões, onde se assumem como únicos detentores da verdade, senhores absolutos da inteligência e que, quais pitonisas pagas à hora ou à peça, sabem tudo o que aconteceu, tudo o que acontece e tudo o que vai e irá acontecer, mas que, de tão repetidos, vazios de ideias e ridiculamente previsíveis, há muito que caíram no descrédito total.
As intervenções e os comentários de circunstância pós eleitoral da generalidade dos atores da política nacional, não passaram duma pungente tentativa falhada de auto justificação perante o fiasco do patente desinteresse da maioria dos cidadãos pela classe dos políticos e por esta concepção de política ultrapassada e desfasada do tempo e da realidade em que vivemos, que pouco ou nada dizem às pessoas e, ao mesmo tempo, de garantir por mais quatro anos as prebendas e mordomias de cada um, bem como os interesses de grupo, sem uma palavra de compromisso ou uma ideia minimamente sustentável para tentar resolver os grandes e graves problemas que nos afligem.
Sobre isto, nada de nada e, em vez disto, despudoradamente, mais uma vez, continuando convencidos que “com papas e bolos se enganam os tolos”, optaram pelo caminho mais fácil duma charlatanice de feirantes de segunda categoria, preocupando-se apenas em continuar a vender ilusões com promessas que eles tão bem sabem que nunca poderão cumprir, não sendo líquido poder dissociar-se disto o rotundo não dado às mal disfarçadas ambições faraónicas de conseguir uma maioria absoluta, maioria que, lamentavelmente, haveria de aparecer mas de sinal contrário resultante da assustadora abstenção que, pela primeira vez ultrapassou os 51%, o que, muito provavelmente, obrigou a deixar no funda das algibeiras os triunfais discursos à muito encomendados aos especialistas da retórica política e, atabalhoadamente, adaptar o plano B, tentando assim enganar-se a si próprios e, ao mesmo tempo, justificar-se perante os seus mais subservientes prosélitos e os mais fiéis seguidores, mais subservientes prosélitos e os mais fiéis seguidores.
Felizmente contra todos aqueles que, como de costume, contavam que com o tempo e o assentar da poeira, tudo acabaria por esquecer rapidamente, nas cerimónias evocativas da aparição do dia treze de outubro, emergiu deste deserto de ideias a voz autorizada do cardeal D. António Marto, bispo da diocese de Leiria/Fátima. Com a inquestionável autoridade que lhe é reconhecida, dirigindo-se às centenas de milhares de peregrinos reunidos em Fátima, duma forma lapidar, para desassossego de uns tantos e reflexão de todos nós, e no que terá de ser entendido como um sério apelo a um profundo exame de consciência e um urgente e honesto propósito de emenda, veio por o dedo na ferida lembrando aquilo de que a grande maioria do povo português há muito tempo que se tinha apercebido“ dizendo textualmente que A CLASSE POLÍTICA TEM DE MOSTRAR QUE TEM CLASSE”.

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3753

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