A opinião de ...

Já só faltava mais esta

A todos os níveis, sempre que as coisas começam a descambar mais do que, em condições normais, seria de esperar do desempenho dos responsáveis, é inevitável que não venha à colação o conhecido ditado popular “Perdigão perdeu a pena, não há mal que lhe não venha” ditado este que, com clareza meridiana e total propriedade, retrata a situação atual para onde empurraram, ou deixaram que resvalasse, o nosso país.
Recusando admitir que Sr. Primeiro Ministro goste de se divertir a brincar com coisas sérias, e muito menos ainda com o caso concreto da situação do país, cuja gestão, como a de qualquer outra empresa minimamente organizada, não pode confinar-se a uma visão minimalista e redutora das responsabilidades da sua governação, por ele manifestada recentemente quando, para braquear, desvalorizar e desviar a atenção das constantes broncas e gafes de elementos do seu atual governo de maioria, em vez de as registar e agir em conformidade, se mostrou feliz e contente, não se coibindo, inclusivamente, de criticar sarcasticamente o descontentamento que alastra pelo país, argumentando que não há razão para isso, imagine-se, porque em Portugal “há um governo para governar, um presidente para presidir e um parlamento para legislar”. Só faltava mesmo esta!
Infelizmente, temos de reconhecer que isso não passa duma análise demagógica da dura realidade com que todos nos deparamos e que tudo poderia ser bem diferente se (sempre um se !), uma grande parte da população não estivesse a passar pelas enormes dificuldades sobejamente conhecidas.
Mas o pior são os cada vez mais “Ses”, demolidores como as pragas de gafanhotos do Egito que, como um lapa, perseguem o atual líder (?!) deste governo por todo o lado, um líder manifestamente esgotado, desprestigiado, e corroído pelo tsunami arrasador de fiascos, escândalos, broncas, argoladas, suspeitas, negações, afirmações, reações, desculpas e justificações, muitas das quais poderiam e deveriam ser evitadas e mortas logo à nascença, cuja intervenção na atividade política do país acaba por se resumir a ir malbaratando o melhor do seu tempo equilibrado no arame, tentando, não se sabe até quando, apagar os incêndios que ele e os seus vão ateando, inventar explicações para o inexplicável e desculpas para o indesculpável, o que, se outro mérito não tem, pelo menos o deixã muito bem colocado para ficar no primeiro lugar do Livro dos Recordes por muito tempo, como sendo o governo que sobreviveu a mais escândalos e trapalhadas, e que tem ultrapassado todas as crises com a aplicação, tão fácil quanto económica, dos vulgares e económicos “medicamentos genéricos” das exonerações e/ou das auto demissões, reforçados, sempre que necessário, nas situações mais renitentes, com um adocicado xarope para a tosse.
Brilhante? Talvez, mas manifestamente muito pouco, restando-nos esperar para ver.

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