A opinião de ...

Será que valeu mesmo a pena? (ainda a final da Liga dos Campeões no Porto)

1 - Até para os mais distraídos e alheados destas “coisas da política”, será muito difícil, se não mesmo impossível, passar ao lado da preocupante série negra de factos e acontecimentos, cada qual o mais lamentável, que ensombraram a vida de todos nós durante o passado mês de maio, um dos meses mais problemáticos do nosso passado coletivo recente.
Embora tratando-se de situações de natureza e de condicionantes por vezes algo diferentes, na sua essência têm todas a mesma matriz comum, reveladora de inegáveis evidências muito alarmantes das quais, de entre várias outras, merecem uma reflexão muito atenta e ponderada:
- Os demasiadamente repetidos erros de análise das pretensas aptidões e qualidades que têm servido de base para a nomeação de numerosos titulares de altos cargos públicos, incluindo ministros, secretários de estado, diretores gerais e tantos outros;
- A teimosia, falta de visão e de coragem, (ou talvez não) de quem os nomeia e continua a mantê-los, queimando-os em lume brando no limbo da sua incompetência;
- A evidente e indisfarçável descoordenação, total anarquia e grave desnorte das diretivas e das informações transmitidas pelos serviços;
- O recurso despudorado à técnica do “passa culpas” sempre que as coisas não correm de feição, acabando sempre a culpa por morrer solteira;
- A escandalosa, arbitrária e quase criminosa isenção de impostos concedida à organização da final da liga dos campeões europeus, numa demonstração grotesca de subserviência e de novo riquismo, que não se preocupou com as dificuldades que a todos nos afligem e, cobardemente, nem sequer teve coragem nem dignidade para negociar e exigir a reserva de alguns bilhetes para serem vendidos aos portugueses que quisessem assistir ao jogo.
Dentro da mesma linha de ideias, não se pode esquecer também:
- A maneira vergonhosa e indigna como foi gerida a situação dos migrantes da região de Odemira;
- A imprudência e a irracionalidade que permitiram os festejos do Sporting;
- As evidentes asneiras que fizeram disparar os números de contágios na grande Lisboa e arredores;
- Sem aprender a lição e sem que nada o justificasse, a decisão arriscada e sem qualquer sentido de organizar no Porto a final da liga dos campeões, até porque, tratando-se de um jogo entre duas equipas inglesas, o mais lógico seria que se realizasse na Inglaterra, e não em Portugal, o que torna muito difícil, ou mesmo impossível entender onde é que o Primeiro Ministro teria a cabeça para se envolver num tamanho desvario.
Puseram-se(nos) de cócoras diante dos ingleses e as consequências desastrosas para o país não se fizeram esperar e agora, na certeza de que tudo isto podia e devia ter-se evitado, resta-nos apenas arcar com tudo o mais com que o azar ou a sorte nos queiram mimosear.

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