A opinião de ...

Rankings de Escolas e Poder de compra

No fim de semana passado, recebemos duas notícias importantes: a publicação dos rankings de escolas segundo os jornais (Público, Jornal de Notícias, Diário de Notícias e Expresso) e a publicação pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) dos indicadores e índice sintético do poder de compra concelhio, em Portugal.
Os rankings não são nem das escolas nem do Ministério da Educação e Ciência (MEC). São dos jornais que os fazem a partir dos resultados dos exames que o MEC divulga e de aí serem diferentes de jornal para jornal.
Também não são das escolas mas sim de alguns dos seus alunos pois só se reportam aos que fazem exame, o que, no caso do 9º ano, exclui muitos dos alunos da escola/agrupamento, e, no caso dos 11º e 12º anos, exclui a maior parte.
Os rankings não são ainda das escolas porque não podemos avaliar ou classificar uma escola pelos resultados de um ano. É comummente aceite entre os especialistas que serão necessários pelo menos cinco anos seguidos, sendo desejáveis 10.
Então, o que faz correr tanta gente atrás dos rankings? Da parte dos pais e alunos, certamente um boa plataforma de lançamento para o futuro, em bases prestigiantes, mesmo se distorcidos pelas circunstâncias que apontei. Da parte das escolas, a vontade de reconhecimento do trabalho dos professores e do coletivo que constitui a escola. O que me parece significar que rankings bem construídos e válidos seriam extremamente importantes e úteis não só para conhecermos as qualidades de cada escola como para identificarmos as escolas em dificuldades para as podermos ajudar.
Por ora, limitamo-nos ao conhecimento de que os resultados de cada escola são muito aleatórios, dependendo de factores vários onde, em qualquer dos casos, pontificam, por ordem de importância, a qualidade dos alunos, a qualidade dos pais, a qualidade dos professores e as condições da escola.
A qualidade dos alunos e dos respectivos pais são os dois factores mais importantes pois indicam a capacidade de investimento de alunos e pais na escola e em torno dela, designadamente no mercado escolar paralelo e, quase sempre, clandestino, de explicações. E é aqui que entra o índice do poder de compra.
Não é por acaso que, geralmente, as escolas das periferias apresentam piores resultados. Por princípio, elas também têm menos condições para poderem beneficiar dos melhores professores mas é sobretudo a falta de condições económicas, financeiras e culturais dos alunos e respectivos pais que prejudica essas escolas. Porque a inteligência está igualmente distribuída em todas as comunidades faltando apenas a sua estimulação graças às tais condições, que alunos e pais não têm, de um modo geral.
Olhando para o mapa concelhio do ex-distrito de Bragança, o índice do poder de compra concelhio, em 2011, é baixo e já nem sequer Bragança (96,47%) ultrapassa a média nacional, ou seja, o índice 100. O panorama da NUT III Alto Trás-os-Montes (72,35%) é desolador e indica uma ligeira descida face a 2009: Mirandela (80,36), Chaves (79,09), Macedo de Cavaleiros (69,45), Miranda do Douro (68,28), Vila pouca de Aguiar (62,11), Mogadouro (59,90), Montalegre (57,81), Murça (57,63), Valpaços (54,62) e Vimioso (54,35). Na NUT III Douro (74,08), o panorama é idêntico e só Vila Real se destaca ultrapassando já a média nacional (101,46). Mas é nas grandes áreas metropolitanas que o índice dispara até aos 238.
O poder de compra também faz as diferenças nos rankings.

Edição
3447

Assinaturas MDB