A opinião de ...

Sabor (Os Lagos e as Ilhas)

No passado dia 26 de junho, no audiório do Padrão dos Descobrimentos, em Blém, Lisboa, foi anunciado o nascimento dos Lagos do Sabor, como marca registada da albufeira criada pela Barragem do Baixo Sabor.
Um projeto único, de elevada qualidade, sonhado, desejado e fomentado pelo ex-autarca de Moncorvo, Fernando Aires Ferreira, como teve ocasião de referir a Secretária de Estado do Ordenamento do Território e Conservação da Natureza, Célia Ramos. Dos Presidentes de Câmara da altura em que este excelente projeto foi planeado apenas se encontra ainda em funções, Berta Nunes, autarca de Alfândega da Fé.
Entregues os créditos a quem eram devidos, cabe aos atuais dignitários fazer o essencial e o primeiro passo já foi dado. Os Presidentes das Autarquias banhadas pelas mansas águas da represa nordestina, Francisco Guimarães, Berta Nunes, Nuno Gonçalves e Benjamim Rodrigues a que se juntou o Vice-Presidente da CCDRN, Ricardo Magalhães, vieram a Lisboa mostrar a beleza natural da barragem do Sabor e o ambicioso plano de exploração dos recursos turísticos aqui criados.
Quis a natureza dotar-nos o vale do Sabor com uma configuração geológica especial que ao represar o rio, em vez de criar uma albufeira ampla e  única, criou três lagos e uma extensa superfície aquática, interligadas entre si por estreitas gargantas e penhascos. Em cada uma destas unidades será, brevemente, construido um sistema de apoio e valorização do património natural, baseado em casas palafíticas na zona ribeirinha, ligadas a cais de embarque em forma de cerejas, flor de amendoeira ou simplemente em rosácea, de acordo com o gosto poético de quem as promove, usa ou simplesmente contempla.
Estas ilhas artificiais estão equipadas com embarcações que se movimentarão livremente ao longo de setenta quilómetros de água pura, cristalina embrulhada em deslumbrantes paisagens naturais de fragas rudes, revestimento florestal autoctone e fauna característica e natural. Nestas embarcações haverá equipamento de realidade aumentada que permitirá aos turistas experiências únicas e singulares.
Único e singular serão, sem dúvida, dois adjetivos que caracterizam bem este projeto que, brevemente, enriquecerá ainda mais o nosso património. Há já algumas inciativas em marcha, o que demonstra a vitalidade e atratividade do projeto e cuja primeira ação terá lugar, no terreno, no próximo dia 4 de agosto com a promoção de várias caminhadas e percursos, integrados, à volta da represa bem como o que se pretende que seja um record do guiness: a maior selfie, seja lá isso o que for. Pessoalmente sou muito cético quanto a este tipo de eventos recordistas, mas se isso der amplitude, publicidade e divulgação adicional, pois façam lá a tal auto-fotografia, desde que, no futuro, se opte por iniciativas mais condicentes, na minha opinião, com o turismo de qualidade que o enorme investimento vai justificar.
A Secretária de Estado garantiu que o Pnpot contempla recursos avultados precisamente para esta região. A presença de todos os membros do Conselho de Administração da Associação do Baixo Sabor e a “aprovação” da CCDRN justificam o ambiente otimista vivido junto ao Tejo e que teve, seguramente, ecos em Trás-os-Montes. São portanto favoráveis, desta vez, os ventos que sopram da capital. Seguramente que a EDP quererá associar-se a esta iniciativa para a qual tem o dever de contribuir  como contrapartida mínima pela ocupação que fez do nosso território, em benefício próprio e com alto rendimento para os seus acionistas!

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