Agora Chuto Aqui!... Arnaldo Pereira, a seleção e o pavilhão
A cidade de Bragança e, particularmente, o pavilhão municipal terá vivido, na semana passada, um dos momentos desportivos mais interessantes da sua história. Naturalmente que não foi, sem dúvida alguma, dos mais entusiasmantes. Outros acontecimentos ali já tiveram lugar, onde foi evidente muito mais entusiasmo. Não podemos esquecer, por exemplo, os tempos áureos do Clube Académico e dos Pioneiros de Bragança.
De qualquer modo, o facto de as entradas serem gratuitas concorreu para o efeito, tendo sido proporcionadas duas noites com exibições de elevado nível, no âmbito da prática do futsal, os nordestinos em geral e os brigantinos em particular, mobilizaram-se e encheram por completo as bancadas do pavilhão. Deram, assim, para além de um inequívoco apoio à formação lusa e uma lição de civismo e saber estar no desporto, uma resposta positiva à organização que se empenhou em trazer a Bragança a seleção nacional de futsal, para a realização de dois jogos internacionais, de caráter amigável, desta feita frente à congénere do Kuwait.
Acredito, até, que este acontecimento terá motivado a ir ao pavilhão, pessoas que nunca teriam ali entrado. O que constituiu, também, um boa razão para estivesse entre nós, a nossa seleção.
E digo “nossa”, como duplo sentido. Primeiro porque é a seleção nacional e, depois, porque incluía, no lote dos escolhidos, dois atletas do nosso “reino maravilhoso”. Arnaldo Pereira, o capitão e o mais internacional de sempre, que iniciou a prática do futsal nos Pioneiros, e Mário Freitas, um jovem de Mogadouro. Duas referências de elevado prestígio no âmbito da modalidade, não só ao nível nacional como internacional, que enchem de orgulho os nordestinos e particularmente aqueles que gostam da modalidade.
Independentemente da qualidade do futsal praticado, do melhor que se produz no mundo, e dos concludentes triunfos lusos, esta decisão dos responsáveis federativos pela escolha de Bragança para este estágio, reveste-se de grande significado a outros níveis, nomeadamente no que toca à capacidade organizativa brigantina e ao facto de a Câmara de Bragança ter decidido atribuir, neste contexto temporal, ao Pavilhão Municipal, o nome de Arnaldo Pereira.
Na verdade, um acontecimento deste género tem mais valor e consegue melhor os seus objetivos e a sua dimensão, quanto mais transversal e abrangente se tornar, sem esquecer os aspetos motivadores, educativa e socialmente.
Parabéns, pois, a todas as pessoas e instituições que tornaram possível a realização deste evento desportivo na capital nordestina, que também promoveu e mediatizou a região.
Faleceu o Tito.
Também, na semana passada, faleceu a antiga estrela do futebol nordestino, sobretudo do G.D. Bragança. Prematuramente, tendo conta a sua idade, 64 anos, e a esperança de vida dos tempos atuais.
Confesso que recebi a notícia da sua morte, com tristeza, o que terá acontecido com muitos outros amigos e conhecidos do Tito.
Recordarei para sempre o Tito, como uma pessoa simpática e bem disposta. Mas, também, como um atleta que “passeou” a sua classe e os seus aprumados dotes futebolísticos por esse país fora. Foi, sem dúvida, uma referência futebolística do seu tempo, da nossa cidade. Paz à sua alma.
Nuno Pires