A opinião de ...

Da palavra ao compromisso!...

Se o tempo meteorológico influencia o nosso humor e a nossa satisfação interior, não é menos verdade que no tempo calendarizado há momentos em que, qualquer ser humano, por mais paciente e resignado, acaba por sentir cansado… saturado. Sim, por exemplo e sobretudo, depois de um período eleitoral, em que fomos bombardeados de tanto discurso diferente, mas que parece tão igual, para tanta gente. Se é certo que, para os protagonistas das campanhas, não obstante o entusiasmo emergente e a motivação inerente, o cansaço pode ser evidente, não deixa, também, de ser, no mínimo, saturante a mediatização que, massiva e repetidamente, é “descarregada” indiscriminadamente. Isto de, a qualquer hora, ligar a rádio, a televisão, olhar os jornais, ouvir/ver quase sempre as mesmas caras e outras coisas mais, torna-se aborrecido, mesmo até para os mais pacientes mortais. Entendo, até, que seria importante fazer um estudo SÉRIO, no sentido de saber, ao certo, se essa massiva proliferação de discursos, muitos deles tão vazios de conteúdo como de valores educacionais, ou mesmo de tudo, de troca de “galhardetes” se torna verdadeiramente eficiente, ou se resume ao protagonismo mediático, utilizando púlpitos, improvisados, na procura de brilharetes que convençam, nomeadamente, os mais incautos e menos preparados. 
As promessas e euforias de “ontem”, com retóricas mensagens de esperança, parecem, esvair-se “hoje”, acentuando, simplesmente, a sustentada e popular desconfiança no amanhã emergente. Depois de muita palavra proferida, vazia, sem compromisso, continua a ser evidente a conclusão de que a “palavra” já não reveste do valor de outrora tinha e que, por vezes, mais importante que seriamente trabalhar, em prol do bem-estar da sociedade e da convergência popular, é da própria vidinha tratar. E nada mais, pois tudo o resto é conversa. O comportamento de um considerável número de atores políticos não deixa dúvidas neste contexto. A sua atitude perante os problemas, a sede de poder, a qualquer custo, é prova evidente, que ninguém, de BOA FÉ, desmente.
Principalmente nestes tempos economicamente difíceis e socialmente atribulados, em que torna necessário enfrentar os inúmeros problemas existentes, é determinante que os responsáveis políticos e institucionais sejam positivos, não guardem ressentimentos, se tornem mais generosos e tolerantes. Que perante as dificuldades interativas e as dificuldades reconhecidas, mantenham posturas de dignidade, promovam a conciliação, a reconciliação e tolerância, com humanismo e sem obsessão pelo poder. Todos sabemos e sentimos que Portugal necessita de continuar a desenvolver um processo complexo de estabilização económica, para responder aos desafios importantes que tem pela frente, incluindo as questões das desigualdades sociais e da erradicação da pobreza, de modo a alcançar a equidade social e estabelecer no país o desenvolvimento sustentadamente harmonioso e integrado, promovendo o regresso da economia e das finanças nacionais a uma ética baseada na solidariedade desinteressada propícia ao ser humano.
Neste contexto, não pode ser esquecido que a crise económica e social que nos aflige, resulta, também, da falta de consciência da fraternidade e do sentido de justiça credível, a vários níveis, nomeadamente entre pessoas e instituições.
Para terminar, nunca deve ser esquecido que a credibilidade também se sustenta da coerência que vai... da palavra ao compromisso.

Edição
3546

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