A opinião de ...

Circuito Turístico de São Bartolomeu

As grandes obras implicam sonho e sacrifício. O sonho em conjunto com os outros torna-se realidade [John Lennon], e o sacrifício acaba por se encontrar a mais bela e valiosa das recompensas [Agostinho da Silva], a obra nascente. Em Bragança, na década de 1940, surgiu o circuito turístico de São Bartolomeu, de um sonho tornado realidade, graças ao esforço coletivo, encabeçado por Dias Parente, que envolveu o Município, o Governo Civil, a Diocese, os mordomos e a população em geral.

Já em 1872 se dizia, de um troço da atual Estrada de Turismo [N 217-1]: “Bragança não tem em seus arredores local mais aprazível, nem recreativo e, seria muito útil até para louvar que a Câmara Municipal, um dia, se lembrasse de mandar limpar-lhe as pedras, desviar-lhe as águas, que o arruínam, fazendo assim transitável um dos principais caminhos das avenidas da cidade” [“A Confraria”, 1872, 8 a 10].

A 9 de agosto de 1942, Manuel António Pires, presidente do município descrevia planeando: “o lindíssimo panorama da cidade de Bragança, vista de um plano superior [Estrada de Turismo], está destinada a tornar-se, dentro em pouco, um dos passeios mais preferidos, dos seus habitantes, local apropriado, para certames automobilísticos [AHCMBGC, Lv.40, 246, 247]. E, assim aconteceu! Neste circuito decorrem provas automobilísticas, motorizadas e velocipédicas, embora se presuma que o troço nunca tenha sido homologado para tal [INFRAESTRUTURAS DE PORTUGAL, 01/08/2017].

O ponto central é o monte São Bartolomeu, polo de atratividade turística que se qualificou nas suas estruturas, dotou-se de outras, para possibilitar a distensão, o lazer e o acolhimento. Continuava o autarca: “não seria descabido que se promovesse o embelezamento natural daquele sítio, já considerado de turismo, por meio de arborização, compostura da capela, […] um barracão que pudesse portar-se para abrigo dos visitantes, proporcionando-lhes também caminhos acessíveis para carros e peões, podendo até para estes construir-se um «escadório», que ficaria interessante, de ligação da mesma estrada e, do referido local. Proponho, portanto, que este aspeto seja submetido à apreciação da Comissão de Turismo, encarregando-a simultaneamente da elaboração de um plano de obras que, embora modestos, satisfaçam os justos fins que se têm em vista” [Ibidem].

O circuito turístico foi pensado de forma global, como hoje raramente se faz, para ser um polo de atração turística. Conclui-se com o arranjo da capela de São Bartolomeu, a arborização, os caminhos para carros e peões, o mirante, a casa da mordomia no ano de 1947 (Mensageiro de Bragança [MB], 111,1944), o coreto do concurso pecuário em 1948, a estrada em 1948/49 [MB, 204, 1947, 2], o «escadório» em 1949 [MB, 261, 1949, 4], a Pousada em 1960? [MB, 791, 1959, 4]. Apesar do modesto plano de obras, por causa da II Guerra Mundial, a edilidade e os brigantinos não deixaram por concluir o emblemático circuito turístico, apenas “pelos justos fins que se tinham em vista” [MB, 936, 1962, 6]. E hoje, como evoluiu esta estância?

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