Um Bispo de comunhão eclesial, pela comunicação social da Igreja, que sai em defesa dos seu
Durante uma longa viagem de autocarro de Lisboa a Bragança, logo após o 25 de abril de 1974, vinham dois tolos em figura de gente a depreciar os Transmontanos: “são uns atrasados”. Á sua frente um jovem nordestino encapelava-se, preparando-se para lhes responder, quando alguém lhe sussurra ao ouvido: “não respondas ao louco segundo a sua loucura, para que não te faças semelhante a ele [Prov. 26, 4].
A 1 de janeiro de 1937 a Emissora Católica Portuguesa dava os seus primeiros passos pela mão de Monsenhor Lopes da Cruz, começando a emitir diariamente em ondas médias para a região de Lisboa. Ano após ano, a RR - Rádio Renascença foi crescendo e, em 1974, nas vésperas da revolução, era já uma das três grandes estações de radiodifusão, a par da EN - Emissora Nacional e do RCP - Rádio Clube Português.
Em fevereiro de 1969 o Pe. Alberto Campinho, dos Serviços de Expansão da Emissora Católica Portuguesa, desloca-se a Bragança para estudar a possibilidade de instalar um retransmissor de FM - Modulação de Frequência no Monte São Bartolomeu, para servir em boas condições toda a cidade e seu termo. O retransmissor tinha a potência aparente radiada de 100 wats, a trabalhar na frequência dos 99,50 megaciclos por segundo. Hoje a RR opera em Bragança nos 89.6 / 105.7 FM.
O Cónego Luís José Afonso Ruivo Pároco da Sé, responsável perante o Cabido do São Bartolomeu, congratula-se com a RR, emissora ouvida em todo o país, por ser presença viva ao serviço da Igreja, agora também em Bragança. D. Manuel de Jesus Pereira, bispo da Diocese, oferece toda a colaboração e apoio à emissora católica, disponibilizando espaço no São Bartolomeu, para que o retransmissor seja “uma consoladora e apostólica realidade”, palavras suas.
A 7 de julho de 1969 Máximo Marques da RR dirigia-se por carta aos Mordomos do São Bartolomeu agradecendo a gentileza da cedência do espaço para instalação da antena e do retransmissor, no terreno e na casa dos mordomos respetivamente, pedindo-lhe ainda que apressassem o Município para colocar a luz no local, e em anexo ao ofício enviava a planta do “Edifício da estação FM, Bragança”.
Quatro anos após, ás 19.00h do dia 27 de maio de 1974, na sequência das nacionalizações a RR na sua sede da Rua Capelo em Lisboa é ocupada por alguns funcionários e o Governo nomeia-lhe uma Comissão Administrativa. O país saiu à rua em protesto, e Bragança não ficou em casa, manifestando-se na defesa da Emissora Católica, a 20 de julho desse ano. D. Manuel aproveita a concentração, de alguns milhares de pessoas, para criticar a generalidade dos meios de comunicação pelas ofensas que haviam dirigido ao “bom Povo do Nordeste, acoimando-o de atrasado”[4]. D. Manuel saiu com o seu povo pela Emissora Católica, defendeu-o perante os que o queriam apoucar frente ao todo nacional. Providente, de ampla visão, acreditou que “o que semeia com fartura colherá com abundância [2 Cor. 9; 6].