Nordeste Transmontano

Acidentes de trator voltam a acelerar no distrito

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2014-04-03 18:12

António Gonçalves ainda se lembra daquela tarde de abril de 1998 em que, andando a lavrar umas oliveiras num terreno inclinado, por trás do castelo de Bragança, não conseguiu saltar a tempo do trator que se virou sem aviso. “Fiquei lá preso bastante tempo, por um braço. O que me valeu é que quem morava ali perto apercebeu-se do barulho do trator e viu que estava voltado”, conta. Passado o susto, decidiu comprar um trator com tração e arco de proteção que, no entanto, não passa debaixo das oliveiras.
António Gonçalves foi um dos felizardos que sobreviveu para contar a história. Depois de uma diminuição nos últimos anos, 2014 está a ser negro para os agricultores, com quatro mortes já registadas apenas desde o início do ano, mais do que em todo 2013 (três). A vítima mais nova tinha 64 anos. A mais velha, 83, segundo os dados disponibilizados ao Mensageiro pelo Comando territorial de Bragança da GNR.
O ano de 2011 foi aquele em que se registou o maior número de acidentes. Foram 13 contabilizados pelas autoridades em todo o distrito de Bragança. Foi precisamente este o concelho em que mais se registaram casos destes, quatro. Ao todo, faleceram seis pessoas. De então para cá, os números vinham baixando. registaram-se quatro mortes em 2012 e três no ano passado. Este ano, em apenas três meses, os números ganharam nova tendência de subida. Se em igual período de 2013 ainda não se tinha registado qualquer morte em consequência de acidentes com estas máquinas agrícolas, este ano houve já um acidente mortal em fevereiro (uma vítima de 77 anos, em Carviçais, no concelho de Moncorvo) e três em fevereiro (um homem de 64 anos, em Vinhais, outro de 77, em Macedo de Cavaleiros e outro de 83, de Estevais, em Mogadouro).
Três dos acidentes foram causados por capotamento e apenas um de despiste. De acordo com os dados da GNR, estas são mesmo as principais causas deste tipo de mortes, havendo apenas a registar um caso de descuido nos últimos anos. Por norma, as vítimas são homens. No ano passado registou-se apenas um acidente com uma mulher, de 66 anos, que sobreviveu para contar a história, tal como António Gonçalves, que ainda hoje guarda no corpo as marcas daquela tarde de há quase 16 anos.
“Enquanto estive preso debaixo do trator, pensei em tudo”, admite.

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