Atividade industrial transmontana e castelhana na base de nova oferta turística fronteiriça

A CIM Terras de Trás-os-Montes e a província espanhola de Castela e Leão pretendem criar um novo produto turístico assente na atividade e na memória industrial do território fronteiriço financiado por fundos europeus.

O projeto de cooperação transfronteiriça “IN_GENIOS_DUERO_DOURO, com objetivo de valorizar o património industrial e cultural do território transfronteiriço do Douro, teve agora o seu início, esperando-se a conclusão dentro de dois ou três anos.

A ideia passa por lançar as bases para criação de um novo produto turístico centrado nos valores e bens industriais existentes no território de fronteira do Douro- Duero, entre os nove concelho da CIM Transmontana e a região vizinha de Castela e Leão, em Espanha.

“Em primeiro lugar vamos fazer uma inventariação de todo o património ligado ao turismo industrial, e ao mesmo tempo recuperar os espaço existentes neste território, no sentido de se criar uma rota entre Portugal e Espanha, não só pelo aspeto material mais também o aspeto humano”, explicou o presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes , Jorge Fidalgo.

Esta iniciativa luso-espanhola foi apresentada no Centro Interpretativo das Minas de Argozelo, concelho de Vimioso, um espaço que perpetua a atividade industrial e mineira da região do distrito de Bragança.

De acordo, com o também autarca de Vimioso, no distrito de Bragança, a recolha de testemunhos de pessoas que viveram ou guardam memórias deste período industrial como é o caso da exploração mineira é um dos pontos fundamentais do projeto.

Segundo Jorge Fidalgo, um dos aspetos mais importantes deste projeto de cooperação transfronteira é salvaguarda do lado português, a memória do Complexo Agroindustrial do Cachão, no concelho de Mirandela, a que junto o ciclo industrial da sede ou atividade mineira, bem como as azenhas ou moinhos.

“O que pretende ter no território é um produto turístico não massificado, para que os visitantes, ao longo do ano, possam descobrir esta nova oferta turística, no território fronteiriço”, vincou.

As reuniões preparatórias entre Portugal e Espanha já tiveram início e espera-se que dentro de dois a três anos esta rota turística dedicada à memória industrial da região de fronteira esteja concluída.

O “IN_GENIOS_DUERO_DOURO” surge no âmbito da estratégia transfronteiriça para a promoção de um turismo sustentável de base identitária, contribuindo para diversificar a oferta turística, combater a sazonalidade e promover o desenvolvimento económico.

Por seu lado, Joaquim Garcia, representante da Fundacion Santa Maria la Real del Patrimonio Histórico e coordenador do projeto, avançou que se está a trabalhar numa iniciativa inovadora que tem por missão identificar os recursos do património industrial dentro do território da península e fazer dele um elemento de desenvolvimento da região de fronteira do Douro.

“O território do Douro Internacional é conhecido pelas suas rotas do vinho, os trabalhos em seda, mas o património industrial foi pouco divulgado, o que tornou também pouco conhecido, mas que tem potencial económico ”, referiu.

De acordo com este responsável, este projeto vai permitir revitalizar e promover o património industrial e cultural, dos dois lados da fronteira, através do desenvolvimento de experiências turísticas únicas e autênticas e consciencializar a população para este recurso turístico.

“Vamos criar um plano de comunicação e marketing tendo em vista a capacitação sobre o território e dos seus diferentes agentes a fim de dinamizar a cooperação transfronteiriça”, vincou Joaquim Garcia.

A ideia passa também por impulsionar o envolvimento e participação dos agentes locais, prevendo-se um impacto significativo no desenvolvimento e afirmação do turismo industrial.

O IN_GENIOS_DUERO_DOURO tem uma dotação financeira de 1,2 milhões de euros, sendo cofinanciado pela União Europeia (EU) através do Programa Interreg VI-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2021-2027.

Para além da CIM Terras de Trás-os-Montes integram este projeto o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a Turismo do Porto e Norte de Portugal.  Junta-se ainda a Fundación Santa Maria la Real del Patrimonio Historico, a Junta de Castilla y León, a Dirección General de Patrimonio Cultural, a Asociación Ibérica de Municipios Ribereños del Duero (AIMRD), o  Clúster de Hábitat Eficiente (AEICE) e o Ayuntamiento de Zamora, entidades da vizinha Espanha também  envolvidas neste projeto.