Macedo de Cavaleiros

Burlona fazia peditórios para carenciados que não existem

Publicado por Glória Lopes em Qui, 2020-12-03 10:49

A GNR está a investigar várias queixas de burlas e tentativas feitas por diversas pessoas, muitas das quais residem em Macedo de Cavaleiros ou são emigrantes, que estarão associadas a peditórios solidários fictícios feitos através do Facebook por uma mulher que diz ter residência na freguesia de Bornes, naquele concelho, de que foram alvo diversas pessoas, umas residentes naquele concelho, outras emigradas em França Suíça e Luxemburgo.

O capitão Pedro Pino, do gabinete de Relações Públicas do comando da GNR de Bragança, explicou as queixas são "sobre burlas consumadas e não consumadas" e que muitas delas chegaram à Guarda via email, nas últimas duas semanas. "Na maioria reportam-se a emigrantes" que consideram ter sido enganados. O caso seguiu para o Ministério Público e as investigações vão continuar.

O responsável da GNR indicou que os queixosos falam de um suspeito que indica residir em Bornes, uma aldeia de Macedo de Cavaleiros, mas que o assunto está em aberto. Ao que o Mensageiro de Bragança apurou as vítimas referem todas a mesma mulher, com usa um nome falso nas redes sociais para fazer os peditórios.

A principal suspeita faz-se passar por representante de uma associação ligada à solidariedade e aborda as vítimas pelo Facebook para lhes pedir donativos que alegadamente iria encaminhar para ajudar famílias carenciadas, idosos ou crianças a enfrentar dificuldades. Os visados começaram a suspeitar do esquema quando lhe pediam os comprovativos, mas estes não eram enviados e quando tentavam saber a identificação dos destinatários, porém nunca eram facultados.

Elisabete Alves, residente em Macedo de Cavaleiros, contou que foi abordada pelo Facebook por uma mulher residente no concelho que lhe pediu amizade e lhe disse trabalhar para uma instituição que apoiava pessoas em dificuldades económicas. "Partilhava pedidos para angariação de bens alimentares. Iniciou conversa comigo para saber se eu podia ajudar, desempregados e idosos. E disse que tinham contas de telefone, água e luz para pagar e eu ofereci-me para pagar uma conta de eletricidade no valor de 50 e tal euros. Enviou-me as referências de pagamento e efetuei o pagamento. Nesse mesmo dia, disse que um casal estava a passar fome e precisava de bens alimentares no valor de cerca de 70 euros. Que me pediu para entregar numa casa de um bairro social. Fui lá e fiquei de pé atrás, porque a pessoa a quem os entreguei é conhecida aqui em Macedo de Cavaleiros e não tem grandes referências", descreveu Elisabete. Por diversas vezes tentou conhecer a autora dos peditórios mas esta arranjava sempre desculpas.

"No dia seguinte voltou a falar-me de uma conta para pagar, mas nessa altura eu já não aceitei. Bloqueou-me no Facebook", acrescentou.

Uma emigrante na Suíça, Valéria Santos, ficou sem 500 euros. Primeiro foi abordada para pagar uma conta, depois para dar bens alimentares, roupas e produtos de higiene, mas começou a desconfiar na altura que pediu comprovativos das dádivas e estas não lhe chegaram e lhe pediu dinheiro para um tratamento médico de uma criança "mas tentei saber quem era e ninguém a conhecia", explicou. Mais tarde teve conhecimento que uma associação de Macedo de Cavaleiros tinha publicado uma informação alertando para burlas da parte dessa suspeita que usava um nome falso.

Há ainda um caso de venda de nozes através de uma plataforma de venda online (OLX), em que o pagamento foi feito, mas o produto nunca chegou a casa de quem o encomendou.

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