// ENTREVISTA A ANTÓNIO LOBO DE CARVALHO - Comandante Distrital da GNR

“A GNR vai implementar em Bragança uma nova capacidade no território, um Destacamento de Intervenção”

Publicado por António G. Rodrigues em Qui, 2023-03-30 11:14

Na primeira grande entrevista concedida desde que tomou posse como Comandante Distrital de Bragança da GNR, o Tenente-Coronel Lobo de Carvalho, revela em primeira-mão ao Mensageiro algumas das ideias para o futuro desta unidade.

MB.: Um dos programas que têm em vigor é o Censos Sénior. Ficou surpreendido com os números [cerca de 3400 idosos sozinhos no distrito]?
LC.:
Não fiquei surpreendido. Acompanhamos uma tendência de um certo envelhecimento da nossa população. Quanto a isso, não fico surpreendido, até porque, em termos pessoais, tenho uma atração por áreas relacionadas com etnografia e antropologia e acompanho os indicadores demográficos de Portugal. Quanto a isso, não me surpreende mas fico satisfeito por saber que nós, Guarda, temos capacidade de alcançar todas estas pessoas. E isso é uma riqueza.
É uma competência distintivíssima da GNR.
Olhando para o futuro, vejo que havendo uma tendência progressiva de estes números aumentarem, vamos estar cada vez mais capacitados para alcançar todas estas pessoas. O meu assombro é pela positiva, pela capacidade que a Guarda tem de chegar lá.
Se isto for ouvido pelo cidadão, acho que lhe reforça o sentimento de segurança. O nosso lema, uma Guarda humana, próxima e de confiança, é muito mais do que só um lema. É materializado no seu dia a dia.

MB.: Há algum tipo de criminalidade que seja mais preocupante aqui no distrito de Bragança?
LC.:
Do conjunto de crimes de que temos conhecimento e que integram o catálogo de crimes da lei, o primeiro tem a ver com tudo o que gravita em torno de vítimas, vítimas especialmente vulneráveis. Integramos nesse conceito as dinâmicas de violência doméstica. Tudo o que tem a ver com a violência exercida contra idosos, pessoas portadoras de deficiência, são áreas que constituem preocupações e opções estratégicas para que tenhamos sempre um acompanhamento permanente e uma resposta eficaz.
Para isso, temos uma equipa de especialistas na área de investigação criminal, o Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas, que tem jurisdição em todo o território. E temos localmente, em determinados postos territoriais e sedes de destacamento, militares vocacionados para o trabalho dentro desta especificidade.
Pretendo, também, que neste aspeto consigamos enriquecer a nossa resposta, junto do cidadão e trabalhar preventivamente.
Temos de estar interligados e conectados com associações, ONGs, autarquias. Gostaria de destacar o papel das Câmaras Municipais, que através dos seus presidentes e dos órgãos camarários, temos consolidado as respostas eficazes em situações críticas de emergência. A GNR sozinha não faz nada e nesta área temos de estar ligados. É uma rede constituída com estes parceiros. E pretendo que isto seja reforçado e consigamos crescer na nossa resposta e em qualidade.
Há um objetivo que vou tentar alcançar mas para isso vou ter de ter o apoio da comunidade para aspetos mais logísticos.
A GNR vai implementar, em Bragança – e isto vai mesmo acontecer – uma capacidade nova aqui no território, mas que já existe noutras unidades, que é um escalão de policiamento que apoia as patrulhas que estão no terreno. São militares preparados e vocacionados para um trabalho de apoio às operações correntes.
Isso é um desígnio da Unidade. Não nasceu comigo, os comandantes que me antecederam trabalharam nesse sentido e isso irá acontecer. Vamos conseguir edificar aqui uma nova capacidade e isso vai colher benefícios para a população.
Não vou estabelecer prazos mas está em marcha e vai acontecer.

 

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