Vinhais

Templários podem ajudar a atrair turistas

Publicado por AGR em Sex, 2024-08-30 10:00

“Vinhais é uma Terra dos Diabos, é a Capital do Fumeiro mas também é terra de Templários.” Foi assim que o investigador Roberto Afonso resumiu a presença de Templários naquele concelho, após uma palestra inserida nos Dias Templários, uma iniciativa da Câmara de Vinhais e da Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Jerusalém (OPCTJ), que decorreu no sábado.

A iniciativa, aberta à comunidade e aos visitantes, incluiu recriações históricas, como esgrima, arco e besta, artes e ofícios, danças e músicas medievais, falcoaria, performances de gaiteiros e caretos do concelho, além de artesãos de máscaras, mantas e cestas a trabalhar ao vivo. Houve também pontos de venda de fumeiro e produtos regionais.

A região tem vários vestígios e, nomeadamente os castelos de Mogadouro e Penas Róias, mas em Vinhais também há registo da presença templária. “Em Vinhais estamos a falar daquilo que foi apresentado nesta conferência, do monte Sanamêdeo entre Nunes e Cidões, onde existiu a granja de Cidões, pertença do mosteiro de Montederrama (em Ourense, Espanha), que era da ordem de Cister. E a igreja de Cidões ostenta um fuste octogonal, que é uma característica da construção templária, além da tradição oral dizer que o cálice e a cruz que estão lá guardados terão vindo do tal mosteiro de Sanamêdeo, que é corruptela de S. Mamede, que é o nome da comenda de Mogadouro.

Tinha propriedades no Zoio, em Cidões, Nuzedo de Cima, Nuzedo de Baixo, doado por D. Afonso Henriques”, revelou Roberto Afonso.

Certo é que os Templários há séculos que invadiram o imaginário popular e podem servir de atração de turistas à região.

Atualmente, no distrito de Bragança há duas das 18 Comendas de Portugal, a de Penasi Róias (Mogadouro) e a de S. Pedro de Macedo de Cavaleiros.

“As Comendas têm estado a fazer um excelente trabalho. Queremos que fique algo da passagem dos Templários por este território no museu que estamos a criar e o que foi a passagem dos Templários por Portugal e a importância que tiveram para a nossa nacionalidade. Isso é o que nos motiva cada vez mais. Fazemos esta investigação e evoluímos no território, até porque as vilas e cidades do Interior estão cada vez mais despovoadas. Queremos contribuir para que, cada vez mais, as pessoas se fixes nestes territórios, que haja convivência entre as pessoas”, frisou Nascimento Costa, Grande Comendador da Ordem dos Pobres Cavaleiros do Templo de Jerusalém.

A OPCTJ espera, até final do ano, abrir um pólo museológico no centro cultural de Macedo.

“É uma temática muito interessante para criar mais um motivo de visitação turística. Tudo o que possa acrescentar, para nós é bom.

Ficará no centro cultural de Macedo de Cavaleiros. Já devia ter sido aberto, está em obras. Até final do ano temos de o concluir”, explicou Benjamim Rodrigues, presidente da Câmara macedense, que em novembro acolhe uma convenção nacional da OPCTJ e, no próximo ano, a iniciativa Dias Templários.

“Este ano já estivemos no Norte, em Bragança, com um capítulo geral. Convenção será de 15 a 17 de novembro, que junta todas as comendas do país. Iremos estruturar a nossa OPCTJ e as discussões de monta para 2025, que inclui uma Assembleia Geral”, explicou Nascimento Costa.

“Não estamos a querer reconstruir o que foram os Cavaleiros Templários do antigamente. A extinção de todas as ordens militares levou a que um médico francês criasse toda esta parte dos Templários modernos, que trabalham no apoio social, na investigação académica, nos valores em prol da nossa sociedade. É nesta vertente que os Templários trabalham hoje em dia”, frisou.

A nível nacional há cerca de 400 membros, 130 deles a norte.

Para além das atividades demonstrativas e da palestra, decorreu ainda o lançamento do livro “Os judeus em Trás-os-Montes: 300 anos a resistir à Inquisição e 500 à assimilação – O caso de Rebordelo-Vinhais”, de Jorge J. Alves Ferreira.

“Os “Dias Templários em Vinhais” foram uma oportunidade única para mergulhar na história e cultura de uma época distante, em pleno coração de Trás-os-Montes”, frisou o presidente da Câmara de Vinhais, Luís Fernandes.

Assinaturas MDB