A opinião de ...

Nos 99 anos do Professor Adriano Moreira

Apesar de na minha balança do deve e haver dos afectos e da denominada sorte (que dá um insano trabalho) entender que existe desequilíbrio negativo, a vida tem me concedido a benesse de agregar alguns amigos no clássico sentido grego da amizade e privilégio de conhecer Homens merecedores de profundo respeito, admiração e desejo de os imitar nas acções e comportamento. Um desses homens com H grande, graúdo, refulgente e para sempre é o professor Adriano Moreira.
Outro meu preclaro amigo, o Engenheiro António Jorge Nunes cujo golpe de asa o aproximou do íntegro Professor, partilhou comigo essa felicidade de falar e acima de tudo ouvir o Mestre dos que procuram saber a causa das coisas em vários encontros, também nos festins dedicados a tornar conhecido o buitêlo, comunhão continuada pelo Dr. Hernâni Dias, sustida nos dois últimos anos dada a mortífera acutilância da peste, a pandemia.
Ora, há dias, o Professor Adriano Moreira, democrata preso e encarcerado no Aljube pela sinistra PIDE, libertador de perseguições e processos judiciais de personalidades do calibre de António Almeida Santos, quando advogava ele na hoje República de Moçambique, completou no dia seis de Setembro a respeitável (e proveitosa para os seus alunos, discípulos, admiradores e povo português em geral, embora a esmagadora maioria não o saiba e nunca o vai saber) idade de 99 anos, em pleno pulsar intelectual como é comprovado pelos seus artigos neste jornal e no Diário de Notícias.
Voz lúcida e escrita sábia, o Catedrático profundo conhecedor dos mecanismos e alçapões das grandezas e misérias da política internacional, detentor da sageza de perscrutar as opiniões e confissões dos actores e figurantes do tablado no qual se incendeiam e apagam os conflitos ribombantes e silenciosos tal como os vulcões adormecidos, no devir das nações e dos povos seja em democracia cristalina, seja na tirania camuflada ao modo dos camaleões. Ora, o distinto pensador nunca pactuou nem vai pactuar com camaleões sejam da destra ou da sinistra, longe dos sectarismos maniqueístas do politicamente correcto.
De todas as vezes que a voz de Adriano Moreira me ensinou a espreitar o Mundo retenho a lição por ele proporcionada na visita feita conjuntamente com Jorge Nunes e o pintor Armando Alves ao emérito pintor Júlio Resende na Fundação consagrada à obra renomado artista. Uma memorável e peripatética aula como se fosse no Liceu aristotélico. Obrigado caríssimo Senhor Professor. Continuarei a ler os seus artigos, continuarei a escutá-lo.
Parabéns e votos de boa saúde.

Edição
3850

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