A opinião de ...

As marcas que o tempo não pode apagar

O Mensageiro de Bragança está de luto. O jornalismo português está de luto. Partiu para a Casa do Pai aquele que, durante três décadas, foi uma das referências da comunicação social transmontana.
Homem com um sentido de humor notável, tinha sempre uma piada pronta para desarmar qualquer interlocutor.
Nascido em Paçó de Rio Frio, o nome de Inocêncio Pereira confunde-se com o próprio Mensageiro de Bragança.
Por cá, no jornal diocesano, desempenhou toda a espécie de cargos. Foi jornalista, chefe de redação, diretor adjunto, diretor, administrador.
Homem de causas e, sobretudo de lutas, granjeou o respeito por que lutou um pouco por todo o país.
De cepa transmontana, era homem de convicções fortes e inabaláveis, como inabalável era a sua Fé. Os Salesianos, onde estudou, eram um dos seus maiores orgulhos.
Inocêncio Pereira deixou-nos no domingo. Mas estará sempre a zelar por nós.
É que, quando morremos, o legado que deixamos não é a obra que construímos. E ele construiu muitas, sobretudo em prol do jornal diocesano.
É a marca indelével que inscrevemos em cada um dos que se relacionam connosco.
Os monumentos não têm memória. Quem guarda a recordação do que fomos são as pessoas. Se formos bons uns para os outros, a recordação que deixamos de legado é uma boa memória, que perdurará mais tempo quanto melhor for a nossa atuação para com o outro.
Se o impacto que deixarmos no outro for uma má impressão, por mais grandioso que seja o monumento que construirmos ou mandarmos construir, assim que desaparecer a memória das pessoas, a recordação de nós também deixará de existir e os monumentos serão envolvidos pelas silvas..., pelo mato..., serão substituídos por outros.
Mas se o impacto que criarmos no outro for de tal maneira positivo, a memória perdurará pelo tempo.
O impacto que Inocêncio Pereira deixou na vida de tantos transmontanos perdurará no tempo. Desde logo, porque está bem impresso nas páginas do Mensageiro, que ficarão para a história e que da história não sairão.
Até sempre, Inocêncio Pereira. Obrigado.

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4030

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